À NOSTALGIA DOS BONS TEMPOS

EM CLIMA DE CELEBRAÇÃO E GRATIDÃO A TODOS OS CONVIDADOS, PARCEIROS, ANUNCIANTES E EQUIPE DA REVISTA, O PRESIDENTE MARCOS SALLES CELEBROU O LANÇAMENTO DA TERCEIRA EDIÇÃO E JÁ PROMETEU UM CRESCIMENTO PARA A PRÓXIMA.

Já virou tradição! A cada edição da Revista Manchete, uma festa de lançamento para marcar a entrega de mais um ciclo de trabalho apresentado em multiplataformas e segmentado em diversas editorias. Assim como a marca Manchete nos remete a uma época saudosa, de grande relevância no mercado editorial, Copacabana – o local escolhido para o happy hour – também exerce essa influência nostálgica, por ser, há décadas, reverenciada e

Francisco Victer, Wagner Victer, Alexandre Accioly, Sergio Ricardo de Almeida, Sávio Neves, Marcos Salles, Andréia Repsold e Pablo Morbis

afamada como a “Princesinha do Mar”.

Quando as luzes da praia se acenderam, a vista do Salão Arpoador do Hotel Fairmot ficou ainda mais exuberante para dar as boas-vindas aos convidados. Em meio aos cliques dos fotógrafos, uma apresentação da terceira edição da revista mostrou as novidades. O clima de maior descontração e resgate dos bons tempos aconteceu no momento da abertura da pista de dança, comandada pelo cantor Sylvinho Blau Blau. Quem viveu os anos 80 – a grande maioria ali – ainda tem na ponta da língua as músicas daquela época.

 

Durante a festa, que aconteceu no dia 30 de julho, o presidente da Revista Manchete, Marcos Salles, anunciou que agora divide o posto executivo deste veículo com o vice-presidente Sergio Maciel, também responsável pela coluna “Judiciário”. Nessa terceira edição, ele foi a Portugal cobrir importantes eventos jurídicos, que contaram com a participação de autoridades brasileiras dos Três Poderes. Outra novidade nesse segmento foi o lançamento da coluna “Além da Toga”, que mostra um lado mais humano e descontraído dos magistrados quando não estão nos tribunais.

 

Sergio Maciel, Liberado Júnior e Marcos Salles

“Levar um nome como o da Revista Manchete, que surgiu há 73 anos, é uma grande responsabilidade, mas só me motiva”, declarou Sergio Maciel.

 

A edição passada também ganhou um novo segmento: a Manchete Turismo, sob a responsabilidade de Liberado Júnior. “O grande carro-chefe dessa história é fazer com que o leitor cada vez mais consiga viajar junto com a gente pelo Brasil e pelo mundo”, definiu o editor do suplemento.

 

O empresário e presidente do Trem do Corcovado, Sávio Neves, recebe a capa da Revista Manchete emoldurada e posa para foto entre sua mãe, Marilia Neves, e sua namorada, Bruna Bruno

 

“Para mim, é um prêmio muito honroso levar a revista com um conteúdo maravilhoso, e eu estou muito orgulhoso com esse caminho que a Revista Manchete está trilhando.”

Sávio Neves, capa da terceira edição da nova Revista Manchete

 

Equipe da Revista Manchete: Mariana Leão, Marcos Salles, Sergio Maciel, Carlos Martins, Nathalia Gomes, Germana Puppin, Giovanna Zoccoli e Sergio Zoccoli

“A gente está com um time muito unido para fazer esse produto dar certo e estou muito feliz com o resultado. Manchete na mão de vocês!”

Marcos Salles, presidente da Revista Manchete

Pedro Guimarães, Frédéric Monnier, Leandro Tavares, Tiago Moura e Felipe Massid

 

 

 

 

 

 

Sávio Neves

A TRAJETÓRIA DO MINEIRO
APAIXONADO PELO RIO

Ele se considera um “mineiroca”, o bom mineiro com alma carioca. Sávio Neves é engenheiro, empresário e presidente do Trem do Corcovado. Nascido na cidade de São João del-Rei, pertencente a uma família tradicional no cenário político de Minas e do Brasil, ele, que estampa a capa da Revista Manchete desta edição, conta sua história de prosperidade no setor de turismo.

Sávio Neves é entrevistado pelo presidente da Revista Manchete, Marcos Salles.

Além de ser presidente do Trem do Corcovado, Sávio é vice-presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais, teve participação na construção do AquaRio, atuou na revitalização do Hotel das Paineiras, contribuiu com a chegada da primeira roda-gigante panorâmica do Brasil, entre outros empreendimentos com a sua digital e participação ativa. Ele também exerceu o cargo de secretário de Estado de Turismo do Rio de Janeiro em 2022 e é presidente do diretório estadual do PSDB.
Nesta entrevista à Revista Manchete, veículo em que assina a coluna de Turismo Empresarial, sempre trazendo personalidades e temas relevantes do setor, Neves aborda não apenas os aspectos pessoais, profissionais e políticos da sua trajetória de vida, mas também assuntos considerados importantes, e até delicados, como a mobilidade urbana.

 

Tancredo Neves

“ (…) Tancredo Neves, meu tio-avô, que chegou à presidência da República, mas, em 1985, acabou falecendo e não assumindo o cargo, e o vice José Sarney foi empossado. A morte do Tancredo gerou uma grande comoção nacional. Ele tinha uma enorme capacidade de mobilizar as massas e teve uma grande trajetória política em Minas e no Brasil.”

Você é presidente estadual do PSDB no Rio de Janeiro, um partido nacionalmente importante. Mas, antes de tudo, sabemos que a sua história não começa no Rio, e sim em Minas Gerais, com uma trajetória de envolvimento político muito em função do seu sobrenome. Conte um pouco dessa história.

Minha família (família Neves) é muito tradicional em São João del-Rei, desde Tancredo Neves, meu tio-avô, que chegou à presidência da República, mas, em 1985, acabou falecendo e não assumindo o cargo, e o vice José Sarney foi empossado. A morte do Tancredo gerou uma grande comoção nacional. Ele tinha uma enorme capacidade de mobilizar as massas e trilhou uma grande trajetória política em Minas e no Brasil. Além do Tancredo, tem o meu primo Aécio Neves. O Aécio também construiu uma brilhante carreira, com 40 anos de mandatos ininterruptos. Foi governador de Minas Gerais por dois mandatos e conseguiu modernizar a máquina pública estadual.

O engraçado é que a pessoa que identificou em mim a possibilidade de ajudar na política partidária foi o senador Francisco Dornelles, que depois assumiu como governador do Rio de Janeiro e faleceu em 2023. Ele enxergou em mim essa capacidade de colaborar com o partido em que ele era presidente, o Partido Progressista (PP). Em 2009, ele me fez o pedido para concorrer a deputado federal nas eleições de 2010, oportunidade em que o Aécio disputou a presidência da República. Eu me lancei candidato com o apoio direto do Dornelles, e, na minha primeira eleição, conquistei quase 30 mil votos, ficando em quarto lugar dentro do partido, sendo um resultado bem significativo logo na minha primeira disputa eleitoral.
Fiquei no PP durante 12 anos, e por um pedido do próprio Dornelles, já no final da sua vida, me filiei ao PSDB para ajudar o Aécio, especialmente no período em que o partido estava se reencontrando com a sociedade. Permaneço com essa missão no PSDB, e acredito que nós temos tido sucesso nessa caminhada.

Você é engenheiro por vocação ou a engenharia entrou na sua vida exatamente no momento em que começou a trabalhar no segmento? Já havia projetado a sua carreira?

Essa pergunta é bem interessante. Meus três filhos são engenheiros. No meu caso, não foi por vocação, nem durante o caminho. Mas não me arrependo dessa jornada. Fui estagiário e depois absorvido como engenheiro júnior em uma empresa de consultoria que funcionava na avenida Rio Branco. E logo depois fui para a Varig trabalhar dentro da oficina. Era engenheiro júnior, de macacão, dentro dos hangares, na área industrial. Já em 1999, recebi um convite para trabalhar na manutenção do Trem do Corcovado e decidi aceitar o desafio. Em 2007, me tornei diretor da empresa. No ano seguinte, assumi como presidente-executivo e, até hoje, continuo exercendo esse cargo.

Mas dentro dessa caminhada no Trem do Corcovado, existem marcas pontuais suas, inclusive a campanha do Cristo Redentor para ocupar a posição de uma das sete maravilhas do mundo.Em 2007, uma entidade ligada à ONU, na Suíça, criou uma campanha internacional para a eleição das novas sete maravilhas do mundo, considerando que as antigas já haviam sido exterminadas pela guerra ou pelas adversidades climáticas. E eu enxerguei, naquela ocasião, ainda como diretor da empresa, a importância de que o Cristo ganhasse esse concurso, colocando a cidade na vitrine internacional. Lógico que, para mim, também era muito importante pela questão comercial, pois naturalmente seria muito bom para o Trem do Corcovado.

Fizemos uma campanha intensa, apesar de ninguém acreditar na possibilidade de vencermos. Ganhamos o concurso, e é um legado que fica para a eternidade.

Além do Trem do Corcovado, presidido por você, outros empreendimentos puderam contar com a sua participação direta, muito especialmente os equipamentos turísticos do Rio de Janeiro.

O Trem do Corcovado leva os turistas do Cosme Velho ao Cristo Redentor, passando pela Floresta da Tijuca

No Trem do Corcovado, eu tinha um grande projeto, que era renovar a frota. Fizemos um investimento de R$ 250 milhões para que isso acontecesse. E comecei também a identificar outras oportunidades de negócios. Um exemplo disso, bem ali do lado, é o Hotel das Paineiras, um ícone da hotelaria, mas que estava abandonado. Hoje, voltou a ser um grande centro derecepção aos turistas, administrado pelo Grupo Cataratas.
O AquaRio foi um outro grande investimento. E o interessante é que, quando nós o projetamos, imaginávamos 600 mil pessoas por ano visitando o tal aquário marinho do Rio de Janeiro, que ficaria em uma área deserta e desvalorizada da cidade. Mas as coisas mudaram, e aquela área acabou virando o xodó do prefeito Eduardo Paes. Fizemos um investimento de R$ 150 milhões e logo no primeiro ano de funcionamento batemos a marca de um milhão e seiscentos mil visitantes.

“Hoje temos o trem mais moderno do mundo, com a melhor engenharia ferroviária embarcada. O trem do Corcovado transporta 1,5 milhão de turistas anualmente dentro do conceito de sustentabilidade e segurança.”

Na sequência, outras oportunidades foram aparecendo. Vizinho ao AquaRio, temos a roda-gigante Rio Yup Star, com 90 metros de altura e a primeira desse tamanho no Brasil. Até hoje, um sucesso absoluto na cidade. E posteriormente, surgiu uma oportunidade em Miguel Pereira, a convite do então prefeito André Português, para ajudar na revitalização do trem da cidade, a Maria Fumaça. É a única ferrovia turística no interior do Rio e que hoje está operando graças à dedicação do André. Em seguida, veio o Parque Terra dos Dinos.

Sávio, agora vamos falar dos novos projetos que estão por vir, inclusive em curto prazo de tempo. Como anda o projeto do Terreirão, na avenida Presidente Vargas, bem no Centro do Rio?

Esse projeto me empolga demais. Na verdade, é a antiga Praça Onze, que ganhou esse equipamento chamado Terreirão, e que funciona apenas uma vez por ano, no período do carnaval. E a prefeitura enxergou a possibilidade de termos operações diárias naquele espaço. Nós dividimos aquele terreno, que antigamente possuía um belíssimo chafariz, o qual nós vamos devolver ao local. Vamos dividir o espaço com o museu do samba e da bossa-nova, uma área gastronômica semelhante ao Mercado da Ribeira, em Portugal, e uma área reservada para shows, incluindo camarotes e área VIP. Eu, Carlos Favoretto e o grande arquiteto Sérgio Dias estamos nesse projeto. Ganhamos a licitação e estou muito animado. Acredito que em 2026 já tenhamos esse equipamento funcionando.

Agora precisamos falar de um outro projeto que você está à frente, e que é uma iniciativa fundamental pela questão do engarrafamento que a Barra da Tijuca enfrenta. Esse projeto vai trazer melhorias para a mobilidade nessa região?

Sim, é um projeto revolucionário! Nós vamos criar um sistema de transporte público de massa. Estamos falando de 90 mil pessoas por dia.

É um projeto ambicioso que liga todo o complexo lagunar de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca, considerado a “Veneza Carioca”, pois nós temos a Lagoa de Marapendi, a Lagoa da Barra, a Lagoa do Camorim e, logo na sequência, a Lagoa de Jacarepaguá. E ainda temos a Lagoa da Tijuca. Ou seja: são cinco lagoas interligadas, que atenderão várias comunidades, condomínios e shoppings. A ideia é trazer essa população para o metrô da Barra, no Jardim Oceânico, e o sentido contrário de quem está vindo de metrô e que pode pegar o barco na Lagoa da Barra, e assim cada um segue para a sua residência dentro desse processo de interligação.

São 16 estações com mini shoppings, estacionamentos, bicicletários e tudo de mais moderno que existe, prezando também pela sustentabilidade. O projeto é liderado pelo arquiteto e urbanista Sérgio Dias, com um prazo de 12 meses para a sua implementação. Serão 70 catamarãs, de alto nível, permitindo que as pessoas possam ir com uniforme de trabalho, terno, etc. Sempre com todo o conforto e segurança. E será no mesmo valor do cartão Jaé. A pessoa poderá vir de BRT e já ir direto para o barco. Será integrado. É um projeto popular de transporte público de massa com a mais absoluta qualidade.
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Você também já foi secretário de Estado de Turismo. E como tal, também propôs um projeto interessante de mobilidade no Aeroporto RioGaleão.
Eu nunca entendi a razão de aqui termos dois aeroportos que não possuem uma ligação, fazendo com que, no caso de alguma eventualidade, as pessoas precisem encarar engarrafamento na Linha Vermelha, entre outros transtornos que, muitas vezes, fazem o passageiro perder o horário de voo. E eu achei super viável a implementação de uma barca. Até porque, já existe uma que liga a Ilha do Governador até a Praça XV. Fizemos um estudo, e é um projeto extremamente viável. Quando eu entrei na secretaria, foi um dos nossos projetos-chave. Criar essa interconexão entre o Galeão e o Santos Dumont é fundamental.

Acho necessária a união do Judiciário, Ministério Público, entidades governamentais ligadas à assistência social, além do governo federal para alavancarmos vários projetos, principalmente na questão da segurança. É preciso força e vontade política para fazer acontecer e temos totais condições de implementar muitos trabalho juntos.

Aqua Rio
Terra dos Dinos
Hotel das Paineiras

Projetos que contaram com a participação de Sávio Neves: AquaRio, Terra dos Dinos (em Miguel Pereira), revitalização do Hotel das Paineiras e Rio Yup Star.

CAMILA FARANI: O DESPONTAR DE UMA CARIOCA NO CENÁRIO DO EMPREENDEDORISMO

“EU SOU EMPREENDEDORA E A ALMA INQUIETA É MUITO LATENTE EM MIM. ENTÃO, PRECISEI EQUILIBRAR ISSO: A IMAGEM PÚBLICA VERSUS A ESSÊNCIA DA EMPREENDEDORA. O QUE MUDOU NÃO FOI SÓ A MINHA AGENDA, MAS TAMBÉM A CONSCIÊNCIA DO IMPACTO QUE MINHA FALA E MEUS MOVIMENTOS GERAM NO ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR BRASILEIRO. E EU NUNCA FUJO DESSA RESPONSABILIDADE. MUITO PELO CONTRÁRIO, SERVE COMO UMA MÁQUINA PROPULSORA.”

Reconhecida com vários títulos importantes que a classificam como uma mulher de destaque no âmbito empresarial, Camila Farani garante: a vida nunca entrega a conta na mesa errada. Resultado de muita dedicação e estratégias em cada etapa da escalada, o patamar atual tem uma longa história, compartilhada pela influenciadora nesta entrevista. Advogada, com pós-graduação em marketing e especializações em growth, tecnologia e startups em Stanford, MIT e Babson College, Camila se tornou um fenômeno do empoderamento feminino. Presidente da G2 Capital, boutique de investimento em tecnologia, foi eleita uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea e uma das 100 maiores em inovação do Brasil pela Época Negócios. Sua experiência a levou a mergulhar em águas profundas por seis temporadas no Shark Tank Brasil – o game show dos empreendedores. Já aportou mais de R$ 42 milhões com coinvestidores, pools de investimentos, além da sua própria holding, abrangendo cerca de 50 empresas. Resultado disso? Uma movimentação financeira de mais de R$ 6,3 bilhões por ano, gerando emprego para mais de 15 mil pessoas. Camila conecta-se com facilidade com seus seguidores, alcançando mais de 2 milhões de pessoas diariamente, além de inspirar lideranças femininas na comunidade @ela.vence.

Camila Farani é um dos “tubarões” do Shark Tank Brasil – um reality show de empreendedorismo, produzido e exibido pelo Sony Channel

Camila, qual foi a repercussão na sua vida pessoal e profissional com a participação no reality show Shark Tank Brasil e os bastidores na hora de realizar um bom negócio no programa? Comente também sobre o episódio em que você se emocionou muito com uma moça chamada Jozi, que buscava investimento para uma fábrica de bonecas negras. Como foi essa experiência?

Sim, eu estive no Shark Tank Brasil desde a primeira temporada, e foi um projeto montado pela emissora Sony, inspirado no formato americano que já fazia muito sucesso. Nós, os primeiros tubarões, não nos conhecíamos profundamente antes do programa, mas tínhamos algo em comum: éramos todos empreendedores com fome de oportunidade e uma disposição quase visceral para correr riscos calculados. O que pouca gente vê é que ali não estamos só para investir dinheiro, estamos colocando nossa reputação, nosso tempo e nossa energia em jogo. Isso exige um filtro muito afiado, porque, no final das contas, não existe dinheiro barato, nem para quem investe, nem para quem recebe.

Os bastidores são, sim, surpreendentes, mas não são caóticos. Existe uma preparação, claro, mas as negociações são reais. Não tem roteiro dizendo “Camila, você deve chorar aqui” ou “Agora o fulano vai brigar”. Quando avalio uma oportunidade, olho muito para o empreendedor tanto quanto para o produto. Vejo resiliência, clareza de propósito, capacidade de execução e também os números, claro. Pergunto sempre: essa pessoa vai aguentar os dias ruins? Porque dias ruins virão. A matemática do negócio é importante, mas sem gente que entrega, é só um PowerPoint bonito.
Sobre a Jozi, aquele foi um momento que mexeu muito comigo porque eu vi nela não só uma empreendedora, mas uma mulher quebrando padrões em várias camadas: raça, gênero, mercado. Ela não queria só vender bonecas negras; ela queria resgatar autoestima, queria representar meninas que nunca tinham se visto nas prateleiras. Isso é potente. Eu investi ali não só pelo negócio, mas pela causa, pelo impacto. E esse tipo de negócio tem um sabor diferente porque você sente que está mudando narrativas, não apenas multiplicando cifras.

Eu amo falar sobre o impacto do Shark Tank na minha vida, porque ele se tornou uma vitrine que ampliou minha voz, mas também aumentou minhas responsabilidades. A superexposição trouxe novas oportunidades, mas também exigiu que eu colocasse limites claros. Eu sempre fui alguém que gosta de estar no front, de negociar olho no olho, de ir para o campo de batalha, não só de dar entrevista bonita.

Existe um ditado que diz que os melhores generais são aqueles que já foram soldados, e olhando um pouco da sua trajetória, você já teve um negócio pequeno, certo? Como foi essa experiência da montagem da sua primeira loja? Esse desafio, de alguma forma, ajudou a ser um tubarão melhor?

Eu acredito profundamente nisso: você não lidera direito se nunca teve que ralar no chão da fábrica. E, no meu caso, comecei literalmente do pequeno, na cafeteria da minha mãe. Eu não herdei uma rede pronta, nem entrei em um negócio já consolidado. Sim, eu comecei fazendo tudo e isso foi fundamental para me tornar uma boa investidora. Minha primeira experiência foi ajudando minha mãe na Tabaco Café, nossa charutaria e cafeteria. Eu não entrei pronta: eu lavava xícara, atendia no balcão, fazia caixa, lidava com cliente difícil, e, aos poucos, fui percebendo que não bastava operar, eu precisava entender sobre gestão, marketing, produto, cliente, tudo. Aos 20 anos, criei um cardápio de cafés gelados para tentar aumentar o faturamento; combinei com minha mãe que, se batesse a meta, teria uma fatia da sociedade. Não bati os 30%, cheguei a 28%, mas ganhei minha parte porque fui lá e executei, mesmo contrariando a todos.

Foi quando entendi que poderia expandir ficando no operacional e profundamente acredito que viver 20 anos de varejo te dá mais estofo do que meramente ser um planejador. Então, veio a Tabaco Café em mais três pontos diferentes junto com a nova marca, a Farani Caffè, em mais três operações – um braço para coffee breaks em empresas e o café em grão Farani Caffè.
Essa experiência foi um divisor de águas porque me ensinou algo que carrego até hoje no Shark Tank: não adianta ter só ideia, não adianta ter só discurso, você precisa ter coragem de aprender no chão do negócio. Ouvir pessoas, lidar com tributação, fiscalização, colaboradores, testar, corrigir e seguir.

A apresentadora com maior audiência da televisão norte-americana, Oprah Winfrey, com Camila Farani

Depois da pequena loja, qual foi o desdobramento da sua carreira? Como esse exemplo te permitiu subir o próximo degrau?

Depois da minha experiência na charutaria com a minha mãe, os próximos degraus vieram aos poucos e de forma desalinhada ao longo da minha trajetória. Um deles foi entender que, se eu quisesse crescer, não bastava ser apenas “a filha que ajuda” ou a jovem que improvisa soluções. Eu precisava me transformar em uma estrategista, em alguém capaz de liderar negócios que funcionassem sem depender da minha presença o tempo inteiro. Essa virada não foi linear, nem fácil. Minha inquietação me levou a criar novos negócios, como o Farani Fresh Food, que começou mal e eu estava à beira de quebrar. Achava que sabia tudo aos 26 anos. Exigiu de mim reposicionamento e me ensinou duramente o valor de ouvir o cliente e corrigir a rota rapidamente. Eu aprendi que não adianta ter uma ideia brilhante se o mercado não entende ou não quer.
Essas tentativas e erros me prepararam para algo maior: minha entrada no mundo do investimento-anjo. Eu percebi que não queria apenas tocar operações, eu queria multiplicar impacto. Ser sócia da Mundo Verde foi um grande salto e mais um degrau alcançado porque me expôs a um ambiente muito mais estruturado, em que precisei aprender a lidar com métricas, investidores e expectativas muito maiores. O recado que eu deixo é simples: você não sobe porque alguém te puxa pela mão ou porque deu “sorte” no caminho.

Você sobe porque tem a coragem brutal de encarar o que não está funcionando, de questionar suas próprias certezas, de recalibrar a visão sempre que necessário e, acima de tudo, porque alimenta um apetite constante por crescer não em tamanho, ego ou vaidade, mas em capacidade real, em competência, em impacto. Foi essa inquietação crônica que me trouxe até aqui, posicionada dentro de um ecossistema que movimenta mais de R$ 7,2 bilhões e emprega mais de 12 mil pessoas , e é essa mesma inquietação que continua guiando cada decisão e cada passo que eu dou. Para mim, é exatamente isso o que me mantém em movimento.

Quando aconteceu a virada, o momento em que você mudou o lado da mesa, deixando de atender no balcão e passando a orientar as pessoas sobre essa posição?
Isso ficou claro quando eu me vi criando estratégias para aumentar o faturamento, para reposicionar marca, para pensar não só no produto, mas no negócio como um todo. Foi difícil.
Porém, nessa fase, por volta dos meus 20 e poucos anos, depois de ter aberto o Farani Fresh Food e ter enfrentado fracassos duros, foi quando caiu a ficha: eu queria ajudar a construir negócios que crescessem, que tivessem consistência, que não dependessem de uma única pessoa para funcionar.
A entrada como sócia no Mundo Verde foi um divisor, porque ali eu passei a olhar para estratégias de escala, para expansão, para números que iam muito além do micro. Mas o grande marco foi quando voltei para os meus negócios e percebi que, mais do que abrir novas lojas, eu queria criar um ecossistema.
Foi aí que nasceu o Grupo Boxx, logo depois eu entrei no Gávea Angels e me apaixonei literalmente. Entendi que não queria ser apenas gestora do meu negócio próprio, e sim aportar em outros.

Como funciona a G2 CAPITAL? Você acredita que já está consolidada ou ainda tem margem de crescimento?
A G2 Capital nasceu para preencher uma lacuna clara que eu enxergava no mercado: a falta de um investimento-anjo mais estratégico, mais profissional, que fosse além do simples cheque. Quando eu criei a G2, a ideia era reunir investidores experientes, que entendessem não só de aporte financeiro, mas que pudessem entrar nos negócios trazendo rede, conhecimento e musculatura de gestão. O modelo é muito diferente de um fundo tradicional, ou seja, a gente atua como uma boutique de investimento-anjo, com alta seletividade e atenção personalizada.
A pergunta sobre estar consolidada é muito boa. Eu diria que estamos em uma fase madura, mas eu jamais diria “acabou”. Se tem algo que eu aprendi na vida é que nenhum negócio está totalmente consolidado. Todo negócio relevante precisa estar em permanente evolução. Temos, sim, margem para crescer, principalmente em setores que não são exclusivamente digitais.

Dentro do amplo espectro de uma mulher de negócios, nós já falamos aqui de rede de lojas, do período como executiva, apresentadora de programa, de uma empresa de investimentos em startups, mas essa inquietude certamente te leva para muitos outros desafios de investimentos e negócios. Hoje seu coração parece estar bem conectado ao mundo da educação, certo? Fale um pouco sobre a Farani Escola de Negócios (FEN).

Você acertou em cheio: hoje meu coração está muito conectado à educação. Na verdade, sempre esteve, mas hoje fica muito claro. A Farani Escola de Negócios nasceu justamente dessa inquietude crônica que me acompanha desde sempre, da percepção de que não adianta eu investir em negócios se eu não ajudar a formar empreendedores melhores. Eu cansei de ver gente com potencial enorme quebrando porque não tinha as ferramentas certas, porque não entendia de gestão, porque faltava clareza estratégica. E foi aí que eu entendi: se eu quero impactar o ecossistema, preciso ajudar a preparar essas pessoas antes que elas cheguem no “campo de batalha”.

A FEN é uma plataforma de educação que vai direto ao ponto. Não é MBA, não é conteúdo teórico jogado na cabeça das pessoas. É aprendizado prático, alinhado com o que o mercado realmente exige hoje. A gente trabalha com programas educacionais que ajudam empreendedores a desenvolver visão estratégica, inteligência emocional, capacidade de execução e, principalmente, mentalidade de crescimento em menos tempo. É o nanodegree. Modalidades intensivas de negociação, vendas digitais, bootcamps de criação de startups e o Programa de Crescimento Guiado (PCG) sobre gestão de pequenas e médias empresas.

E para você ter uma ideia de como estamos comprometidos com essa transformação, vou te contar algo inédito que aconteceu no nosso Bootcamp FEN: pela primeira vez, eu fiz um investimento ao vivo em uma aluna da Farani Escola de Negócios. A fundadora Michelle Milhomem, da Womb Yoga Brasil, apresentou sua proposta pedindo R$ 100 mil por 40% da empresa, e eu fiz uma contraproposta: ofereci o investimento em cinco parcelas de R$ 20 mil por 30%, sugerindo ainda que a metodologia fosse exclusiva do Womb Yoga Brasil, com uma conexão direta com o “Ela Vence”, para impactar o maior número possível de mulheres. Esse momento não foi só emocionante, ele reforçou o propósito central da FEN: não estamos aqui apenas para ensinar, estamos aqui para gerar oportunidades concretas e ajudar empreendedores a saírem do aprendizado direto para a prática, com resultados palpáveis.

Como funciona o Projeto Ela Vence?
A comunidade Ela Vence é uma iniciativa que nasceu para capacitar, inspirar e acelerar mulheres empreendedoras que querem jogar o jogo grande, mas de forma estruturada, consciente e poderosa. Eu sempre acreditei que, apesar de termos um enorme potencial feminino no Brasil, muitas mulheres ainda esbarram em falta de acesso, confiança ou direcionamento estratégico para transformar seus negócios em empresas sólidas e escaláveis. O projetou transbordou transformação, que se transformou na comunidade Ela Vence. Veio exatamente para preencher essa lacuna, oferecendo conteúdo prático, rede de apoio, mentorias e ferramentas que realmente fazem diferença na jornada empreendedora.
A comunidade combina educação e conexão: não é só sobre ensinar, é sobre criar uma rede que impulsione essas mulheres, que lhes dê voz, espaço e musculatura para negociar melhor, acessar investimentos e construir empresas que gerem impacto. Eu não acredito em capacitação rasa, daquele tipo que fica no discurso motivacional. Ela Vence entrega estratégia, mentalidade de crescimento, preparação financeira e, principalmente, uma visão clara do que significa liderar um negócio em um mercado competitivo. São mais de 650 mil mulheres impactadas.

Para encerrar, o que tira a Farani da cama hoje? É o mover de todas essas frentes ou ainda tem algum projeto aguardando uma sobra de tempo?
Ser mãe e mudar a vida de pessoas pelo empreendedorismo. O que me tira da cama hoje não é a certeza de que ainda há muito por fazer. Cada projeto que eu toco, seja na Farani Escola, no Ela Vence, na G2 Capital, nos investimentos e agora no maior canal de negócios da TV, o Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC, tem um propósito claro: gerar impacto real, transformar negócios e pessoas. Eu não espero “sobrar tempo” para começar algo novo. Eu organizo minha energia para caber mais impacto no que eu já faço e para abrir espaço quando surge uma oportunidade que vale a pena. O que me move é ver empreendedor ganhando musculatura, mulher ganhando espaço, empresa deixando de ser só promessa e virando entrega concreta. Eu acordo todos os dias com a sensação de que o jogo nunca está ganho e isso, para mim, é combustível puro. Porque eu não vim para repetir o que já existe, eu vim para fazer barulho onde ainda falta movimento. Mas, no fim do dia, eu sou a Camila de Vila Isabel que ama arroz e feijão, ficar com meus quatro cachorros, meus amigos leais e minha família.

Marcos Salles é jornalista e presidente da Revista Manchete

“O Rio de Janeiro se esforça para retomar o protagonismo de ser a capital brasileira da entrada do mundo com seu bairro mais famoso, Copacabana. Eu faço parte de um grupo que tem a missão de recuperar as grandes histórias, momentos e os principais ativos da nossa cultura.”

Alexandre Accioly é carioca, 62 anos, casado e pais de 2 filhos, sempre foi empresário e possui investimentos em diversos setores da economia, mas, quando fala em entretenimento e turismo, seus olhos brilham. É um apaixonado e investidor costumaz no estado que ama e vende como ninguém. Leia ou assista a esta entrevista e perceba a energia que pulsa em um empresário que coloca o coração e patrimônio a serviço da cidade com o desejo sincero de que o turista do exterior, nacional ou os cariocas tenham experiências cada vez melhores no Rio. A dedicação é de tempo integral, com uma agenda alucinante e com pensamentos inovadores, mas, acima de tudo, com realizações e entregas, todas com muita excelência. Uma aula de empreendedorismo, dedicação e escolhas a favor do investimento.

Olhando para o número de investimentos que o seu grupo empresarial realiza no Rio de Janeiro em diversos segmentos, ultimamente muito mais na área de turismo e lazer, a pergunta parece pronta. O que você enxerga que muitos não percebem?

É um velho clichê, mas verdadeiro. Toda crise gera oportunidades, no momento existem muitos espaços fechados e mau utilizados para transformar em atrativos para o turismo. Desenvolver equipamentos para toda a família, melhorar a experiência do turista, aumentar o tempo da estadia do visitante e, dessa forma, gerar riqueza na cidade. Copacabana, por exemplo, tem potencial de se tornar a Broadway brasileira. Temos que reter nossos talentos mais jovens, encantar a todos para que voltem a investir aqui. Eu não trabalho, eu tenho prazer no que faço, empreender é meu hobby, minha agenda está ocupada em falar, incentivar o investimento e mostrar o potencial desta cidade. Temos um grande concorrente que é a cidade de São Paulo, que está bombando, tem trânsito às 2 horas da manhã, porque tem vida a qualquer hora. Então, eu vejo a grande oportunidade porque o Rio está vivendo um momento especial na retomada do turismo, sou avalista da total sintonia de todos os órgãos que me procuram para oferecer oportunidades de divulgar nossa cidade no Brasil e fora daqui. Trabalhar não só os cartões postais, mas também espaços como o Roxy, um equipamento importante da cidade. Gramado é um excelente exemplo do que estamos falando. A cidade respira turismo dia e noite, existe um planejamento contínuo há mais de 35 anos na cidade. Agora que estou dentro da trade do turismo, percebo que todos os entes aqui no Rio estão trabalhando juntos e é encantador fazer parte. Sem dúvida o Rio de Janeiro é um boom de oportunidades.

A sua primeira história empresarial remonta uma empresa de call center que depois de um crescimento vertiginoso foi muito bem vendida. A partir daí surgiram muitas oportunidades ou você pensou em se aposentar?

Na verdade, a coisa começou quando eu montei um jornal de classificados chamado Auto Negócios. Na época, eu montei um pequeno telemarketing com 6 posições, que era para fazer as televendas, só que veio o Plano Collor e o negócio parou, as pessoas não tinham mais dinheiro para comprar carro. A empresa entrou em crise, ficamos até sem luz no escritório. Olhando para as oportunidades, comecei a mudar o jogo e reorganizar o negócio da empresa que futuramente iria se transformar na Telemarketing 4A. Começamos com a Editora Abril, vendendo assinaturas. Mudamos para São Paulo e investi em tecnologia, no conceito de Contact Center e posicionamos a 4A como uma empresa responsável pelo elo na relação entre empresa e consumidores. Com isso, construímos uma carteira sólida com diversos clientes. Em 7 anos estávamos em todas as capitais do Brasil e quando vendemos a empresa, ela tinha 9 mil funcionários. Nessa época, eu poderia me aposentar, pegar onda e estudar línguas, que nunca fiz. Fui viajar e, nos hotéis, montei o “PEP” (Planejamento Estratégico Pessoal), termo que eu inventei, e escrevi em guardanapos de papel durante a viagem. Ao retornar ao Brasil, tomei muitas decisões, a primeira foi voltar para o Rio de Janeiro e a segunda trabalhar com entretenimento.

 

“Boa parte das minhas ações são preparadas através do “PEP” (Planejamento Estratégico Pessoal), termo que eu inventei. Estes planos são escritos em simples guardanapos de papel.”

Mas no meio dos empreendimentos voltados ao entretenimento surge a academia Bodytech. Como foi isso? E como foi o período da pandemia com as academias fechadas?

Na época em que estava em SP, as reuniões eram constantes, eu tomava dois cafés da manhã e comia dois almoços por dia, então dá para imaginar. Quando voltei ao Rio me matriculei em uma academia e fui cuidar da saúde. Até que um dia, lá estava a oportunidade na minha frente. O Paulo de Tarso, meu personal, em uma quinta-feira me liga avisando que não poderia treinar comigo, estava indo fechar as portas da academia Estação do Corpo na Barra e demitir os 90 funcionários.

Me propôs comprar a academia, mais uma oportunidade. Fiz uma ligação e bati o martelo. Viajei o mundo para conhecer o negócio e montamos um modelo que se transformou no sucesso que é hoje a Bodytech. Na época da pandemia, eu fechei 100 academias, com 150 mil clientes. Além de parar de receber, tive que devolver dinheiro. Vivemos momentos de muita dificuldade, mas hoje temos 200 mil clientes em todo o Brasil e teremos grandes investimentos para uma nova roupagem em todas as unidades.

As oportunidades surgem para Accioly a todo momento. Junto com sócios especialistas, abraça os desafios e acumula investimentos e entregas em vários segmentos. Restaurante, academia, entretenimento e agora, um grande boulevard com serviços sociais e comerciais

Depois da experiência do Gero, você resolveu retornar ao setor de alimentação e montou o Casa Tua na Barra da Tijuca. Como está este negócio?

Eu conheço a Barra da Tijuca, é um público maravilhoso, tenho 8 academias no bairro. Fiz um investimento altíssimo no prédio onde funcionava o Gero, que montei quando era sócio do Fasano, mas logo após eu sair da sociedade eles fecharam o restaurante. Um dia, o Alves, que era o professor dos restaurantes do Fasano, se desligou do grupo e me ligou, disse que havia conseguido o ponto onde era o Gero e se eu queria ser o investidor, aí fechei, claro.

Uma oportunidade. Embora o Casa Tua seja disparado o melhor restaurante de comida italiana no Rio, certamente é o negócio mais desafiador de se tocar. Na época de abrir, um dos desafios foi o nome, a casa era lindíssima, um local perfeito com o melhor cheff para cuidar do restaurante, mas faltava aquele toque que já remetesse um posicionamento de mercado. E assim compramos a marca Casa Tua de uma senhora que tinha um restaurante em São Paulo, no Center Norte, fechado por conta da pandemia e que tinha a marca no INPI há 10 anos. Já estamos no terceiro ano de total sucesso e com muitos projetos de expansão sendo analisados no Rio e em SP.

Voltando ao mundo do entretenimento, por que você resolveu assumir a casa de shows no Shopping Via Parque?

Tudo na vida são oportunidades. Eu acordo um dia e, lendo a coluna do Ancelmo Gois, tenho a informação de que o grupo Time For Fun tinha devolvido a casa ao shopping e que iria virar um supermercado. Daí eu ligo para o Sérgio Pessoa, que era o superintendente do Via Parque, e pergunto para ele se era verdade. Eu removi da cabeça dele desperdiçar uma casa belíssima de shows. A ideia era trazer de volta o Metropolitan do Ricardo Amaral. Juntei minha turma, chamamos o João Uchoa e montamos o Qualistage, que hoje é tocado brilhantemente pelo Bernardo Amaral, que é um profundo conhecedor da classe artística do Brasil. Oferecemos camarins maravilhosos, segurança, excelente divulgação e resultados de bilheterias que agradam a todos.

Salles apresentando o projeto multiplataforma da Manchete para Accioly, capa da edição de retomada

O Roxy salta aos olhos pela audácia tanto em investimento, quanto em termos de espetáculo. Como você vê a relação do Roxy enquanto casa de espetáculo para o turismo e o carioca?

Na época da pandemia eu comecei a pensar em um dinner show para turistas no Rio de Janeiro, uma casa nos moldes das grandes produções no mundo, como Moulin Rouge em Paris, Señor Tango em Buenos Aires, Broadway em Nova York, coisas que já existiram no Rio e infelizmente fecharam pela especulação imobiliária ocorrida na cidade.

Eu também resolvi ir a Gramado para conhecer mais sobre os investimentos realizados por lá e ficou claro para mim que, no Rio, precisamos de equipamentos para os turistas terem atividades durante o dia todo, principalmente à noite, porque ao longo do dia, a cidade é, como dizem, maravilhosa. Mas e à noite? Não tem nada. Convidei o Abel Gomes para um almoço e vendi a ideia do que eu estava imaginando e ele topou. Quis o destino que, em um sábado, com tempo nublado eu vou passear com minha scooter e paro no sinal fechado na Bolivar, em frente ao antigo Cine Roxy. Liguei para o Mauricio Benchimol e consegui reverter um contrato de locação que estava em andamento.

O maior desafio foi a obra de construir um Roxy dentro do outro por conta de todo o isolamento acústico necessário no teto e nas paredes. Uma gigantesca estrutura de 5 andares de vestiário e camarins. O projeto do vídeo que passa no telão é um longa-metragem, a base musical é gravada, funciona em sincronia com a luz mostrando um espetáculo emocionante da cultura brasileira.

Uma casa toda restaurada. Uma cozinha de 500 metros quadrados para finalizar toda a gastronomia brasileira ao mesmo tempo. Um super projeto que melhora a cidade, o bairro e a experiência do turista. O que falta ao Roxy é o carioca deixar o preconceito de lado e parar de achar que a casa é só para turista, o Roxy já é um patrimônio da cidade, o conteúdo é melhor do que qualquer casa de show que visitamos fora do Brasil com uma enorme diversidade musical. Do samba, passando pelo Parintins ao frevo. A casa é a melhor opção no Brasil e uma das melhores do mundo no segmento. Começo a acreditar que, independentemente de ser uma casa de turista, o carioca está começando a se achegar. Quem vai, volta e leva outras pessoas. A experiência é transformadora. Quanto mais os cariocas participarem, mais investidores vão se encorajar, mais empresas e empregos serão criados e mais forte fica a economia.

“Carioca, acabando o carnaval, frequente o Roxy, seja turista da sua cidade, da mesma forma que você é turista fora do Rio, vá se surpreender!”

O Jardim de Alah é um projeto ecologicamente correto, economicamente viável, que vai gerar segurança, melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram na região, será mais uma opção de lazer para turistas e cariocas e um ganho enorme de movimento para o comércio local. Como surgiu este projeto, quais são os detalhes e o que ainda neste momento está causando dificuldades?

O projeto Jardim de Alah é do Miguel Guimarães, do Sérgio Caldas e do João Machado, arquitetos urbanistas cariocas que desenvolveram um projeto de revitalização paisagística daquela área. Eu tive acesso ao projeto, em uma das oportunidades da vida, e propus a eles de ser sócio com a missão de ser a parte empreendedora, que tira do papel. Foi apresentado o projeto para todos os órgãos na prefeitura para ver se fazia sentido, montamos uma MIP (Manifestação de Interesse Privado em área pública) e, a partir daí, foi feita a publicação no Diário Oficial para que toda a sociedade pudesse participar. Ganhamos a concorrência e passamos para consulta pública, quando todas as associações puderam sugerir e participar.

Tudo feito e aprovado, todas as certidões obtidas para que a obra seguisse para transformar a região em algo que todos irão obter resultados, porque em qualquer lugar do mundo, onde se gera movimento de pessoas, melhora a economia e, consequentemente, a segurança, a qualidade de vida e valorização dos imóveis. O projeto de investimento totalmente privado está em R$ 165 milhões, atendendo às 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU. Diversas ações sociais contempladas, uma agenda de lazer e entretenimentotudo isso gratuito, com geração de 5 mil empregos. Vão ser instalados restaurantes, banheiros, cafés, supermercados e lojas de serviços. Temos apoio de todas as associações: Leblon, Ipanema e Cruzada, que é a comunidade local, todos satisfeitos e ansiosos pelo início e término para esse novo cenário. Infelizmente, um grupo de apenas 22 pessoas com interesses particulares para estacionar o próprio carro em cima do parque, vem espalhando inverdades e transformando todo esse processo em uma briga desnecessária para a transformação da área que fará parte dos 6 maiores projetos urbanísticos do Rio de Janeiro.

“Aqueles que não conhecem o Projeto Jardim de Alah, peço que se informem nos canais oficiais e não entrem em uma balela contada por um grupo de apenas 22 pessoas, que luta por interesse próprio e que vem causando desinformação, atrasando a transformação de uma área degradada e insegura, em uma região que irá gerar empregos, renda, oportunidades sociais, turismo, segurança e sustentabilidade.”