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Neguinho da Beija-Flor lança novos projetos

Neguinho da Beija-Flor renova o compromisso com o samba e lança novos projetos em 2025

Em uma entrevista exclusiva à Revista Manchete, Neguinho da Beija-Flor dividiu com o público os bastidores de sua trajetória, relembrou memórias marcantes, contou curiosidades de sua vida no samba e revelou os novos projetos que marcam uma fase inédita em sua carreira. Aos 76 anos, o consagrado intérprete do Carnaval brasileiro inicia uma nova etapa artística, focada em expandir sua contribuição à música brasileira para além da avenida mas sem se afastar de sua escola de coração.

Após cinco décadas como a voz oficial da Beija-Flor de Nilópolis, Neguinho anunciou que não seguirá mais como intérprete principal da agremiação. A decisão marca o fim de um ciclo vitorioso que ajudou a transformar o desfile da escola em um espetáculo inesquecível para milhões de foliões. Apesar disso, o artista garante: continuará participando dos desfiles da Beija-Flor, mantendo o vínculo afetivo e cultural com a comunidade de Nilópolis, com quem construiu uma relação profunda ao longo dos anos.

“Quero que conheçam meu lado cantor, não apenas o intérprete de carnaval”, afirmou Neguinho à Manchete, reforçando sua decisão de investir em novos projetos e explorar outras vertentes da música popular brasileira.

Um dos principais marcos dessa nova fase foi a realização de um reality show, em setembro, que escolheu os novos intérpretes oficiais da Beija-Flor para o Carnaval de 2026. Com produção da AfroReggae Audiovisual e Formata, o programa contou com apenas quatro episódios e foi um sucesso de audiência e repercussão. A grande final aconteceu no dia 25 de setembro, mesma data em que foi escolhido o samba-enredo da escola. Os novos intérpretes, agora definidos, assumem a missão de suceder Neguinho com a responsabilidade de manter viva a força e a emoção do carro de som da azul e branco de Nilópolis.

Enquanto passa o bastão no Carnaval, Neguinho se dedica à sua carreira fonográfica com o lançamento do álbum Empretecendo, em parceria com Xande de Pilares. Com 19 faixas, sendo quatro inéditas, o trabalho é um tributo à negritude, à resistência cultural e ao samba. O álbum tem produção de Xande e Luciano Broa, e conta com participações especiais de artistas consagrados como Zeca Pagodinho, Teresa Cristina, Ferrugem, Revelação, Andrezinho do Molejo, Pique Novo, Swing e Simpatia, Helinho do Salgueiro, Renato da Rocinha e Vando Oliveira.

Entre os destaques está a faixa Empretecer, que dá nome ao álbum e reforça o compromisso antirracista dos artistas envolvidos. A canção foi composta por Jonathan Fernandes Vieira, Rodrigo Cavanha, Wilsinho Paz, Serginho Sumaré, Théo Ribeiro, Léo Freire, Felipe Mussili e o próprio Neguinho. Além das inéditas, o álbum também revisita grandes sucessos de sua carreira, como Negra Ângela, Gamação Danada/Bem Melhor que Você, Problema Social e Menino de Pé no Chão, reafirmando sua relevância na história do samba.

E a agenda do artista não para por aí. Em novembro, será lançado o aguardado documentário biográfico sobre Neguinho da Beija-Flor. Dividido em quatro episódios, o projeto vai retratar sua trajetória desde a infância humilde na periferia de Nova Iguaçu até sua consagração como um dos maiores nomes da música popular brasileira. Com narração do próprio Neguinho, o documentário reúne imagens de arquivo e depoimentos de familiares, amigos, artistas e personalidades do samba, revelando camadas inéditas de sua vida e legado.

Luiz Antônio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes nasceu na Casa da Mãe Pobre, em Vila Isabel, e cresceu na Baixada Fluminense. Filho de um padeiro e músico amador e de uma diarista, teve seu primeiro contato com o samba ainda menino. Começou sua trajetória no Leão de Iguaçu e, em 1975, chegou à Beija-Flor. No ano seguinte, estreou como intérprete oficial com o samba Sonhar com Rei Dá Leão, que levou a escola ao título de campeã. A partir dali sua voz se tornaria símbolo do

Carnaval carioca.

Neguinho da Beija-Flor e Germana Puppin

Com mais de 30 discos gravados, Neguinho é autor e intérprete de sambas inesquecíveis como O Campeão, Deusa da Passarela e Negra Ângela, e foi responsável por levar o samba brasileiro a palcos internacionais. “Entre as minhas conquistas, considero a maior levar o samba que eu faço para fora do Brasil”, declarou à Revista Manchete, com o orgulho de quem fez da arte uma ponte entre culturas.

Em 2025, Neguinho da Beija-Flor encerra com honra seu ciclo como intérprete oficial da escola que ajudou a transformar em potência. Mas sua caminhada continua — nos palcos, nas rodas de samba, nos discos e nas telas. Seu compromisso com a música brasileira segue firme, agora com novos projetos e com a mesma paixão que o consagrou como um dos maiores nomes da cultura popular do país.

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