Flavio Cerqueira no CCBB: 15 anos de arte em bronze

O público do Rio de Janeiro está convidado a mergulhar no universo do esculturista Flávio Cerqueira com a exposição “Flávio Cerqueira –

Um escultor de significados”, que será inaugurada no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ) no dia 8 de
outubro de 2025. Celebrando 15 anos de carreira, esta é a primeira vez que o artista apresenta uma mostra individual na cidade, reunindo mais de 40 obras, incluindo três inéditas, com esculturas em bronze e um jardim pensado para a contemplação, localizado no primeiro pavimento do CCBB. A exposição encerra a turnê de sucesso do artista, que passou por São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, atraindo mais de 200 mil
visitantes.

A curadoria da mostra é assinada por Lilia Schwarcz, antropóloga e historiadora parceira de Flávio há mais de uma década, que organiza as obras de forma a construir um microcosmo afetivo, despertando sensações e reflexões nos visitantes. O paisagismo é assinado por Lula Câncio, que trabalhou com Burle Marx, integrando
espécies vegetais às esculturas e criando uma paisagem expositiva singular que dialoga com a cidade e com os espectadores.

Para Flávio Cerqueira, a arte nasceu da observação. Crescido em São Paulo em uma família sem o hábito de frequentar exposições, ele aprendeu a perceber a beleza no cotidiano, característica que atravessa toda a sua produção. Em suas mãos, o bronze, tradicionalmente reservado a figuras públicas, se transforma em monumento às vidas comuns, chamando a atenção e a sensibilidade do público. “A arte é para todos. Foi
para mim, ainda criança, foi para a minha família e acredito que continua sendo assim.

Meu trabalho busca essa linguagem universal que a gente aprende vendo e sentindo.
Acho que consigo traduzir certas realidades nas minhas esculturas, que acabam
exercendo um efeito quase magnético, prendendo o olhar e a atenção das pessoas”,
explica o artista.

As obras de Flávio também dialogam com questões profundas da história e da
sociedade brasileira, como classe, identidade, raça e gênero. Para a curadora, as
esculturas provocam o público, estimulando reflexões sobre agência, subjetividade
negra, costumes, afeto e comunidade. “Ele não fala somente da denúncia ou da
vitimização, mas também pela perspectiva da agência, da subjetividade negra, dos
costumes, do afeto e da comunidade. Nas mostras do Flávio, as pessoas saem felizes,
saem alimentadas, porque Flávio traz esse senso de coletividade”, afirma Lilia
Schwarcz.

No Rio de Janeiro, a experiência coletiva ganha forma no espaço O Jardim das Utopias,
um verdadeiro oásis erguido no coração da cidade. O projeto cria equilíbrio entre as
esculturas de bronze e o paisagismo de Lula Câncio, oferecendo um respiro em meio à
metrópole. Segundo Flávio, em São Paulo, o jardim foi incorporado ao cotidiano das
pessoas, especialmente trabalhadores que passavam por ali na hora do almoço,
ressignificando a arte como parte da vida diária.

Gratuita e aberta ao público, a exposição reafirma a trajetória de Flávio Cerqueira como
um dos principais nomes da escultura contemporânea no Brasil. Em cartaz até 18 de
janeiro de 2026, “Flávio Cerqueira – Um escultor de significados” convida todos a
experimentar a força poética de suas obras e a refletir sobre como a arte transforma o
olhar sobre o cotidiano, oferecendo um momento de contemplação, beleza e conexão
no coração do Rio de Janeiro.