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Flores: o maior jardim de Friburgo

Flores
O MAIOR JARDIM DE FRIBURGO

FOMOS ATÉ A FAZENDA HECKERT, NA SERRA FLUMINENSE, CONHECER UM CENÁRIO QUE MAIS PARECE UMA PINTURA IMPRESSIONISTA, EM QUE ESTUFAS SE TORNAM CORREDORES DE CORES E PERFUMES. NÃO É À TOA QUE A CIDADE OSTENTA O TÍTULO DE CAPITAL DA PRODUÇÃO DE FLORES DE CORTE DO RIO DE JANEIRO E OCUPA O SEGUNDO LUGAR NO RANKING NACIONAL.

o portão de entrada da Fazenda de Flores Heckert, que também produz morangos

Logo na chegada da Fazenda das Flores Heckert – que fica em Vargem Alta, distrito de Nova Friburgo –, parece que entramos no céu: são milhares de metros quadrados dedicados ao cultivo de diversas flores, que se renovam a cada estação. Quem nos guia é Wallaf Heckert, proprietário do local.

 

“Hoje, contamos com mais de dez tipos de espécies. A maioria delas abertas. Temos aproximadamente 9 mil m2 de estufas, todas interligadas em espaço aberto de produção”, explica ele, orgulhoso. E Wallaf faz seus cálculos: “Acredito que, por mês, produzimos mais de 10 mil maços”.

Wallaf Heckert, proprietário da fazenda

A importância da floricultura para a economia local é destacada pelo engenheiro agrônomo Silvio Galvão, diretor da Pesagro-Rio. Segundo ele, estamos diante de uma tradição que já atravessa gerações. “Isso aqui é mais do que um paraíso, é um local de trabalho e de vida. Já estamos nas terceiras gerações de familiares que começaram vendo a oportunidade do comércio de flores e plantas ornamentais. Hoje, o município de Nova Friburgo representa 48% de tudo o que é produzido em termos de flores de corte para o estado do Rio de Janeiro. Isso significa mais de R$ 30 milhões por ano, envolvendo em torno de 200 hectares de área plantada em estufas e mais de 200 famílias. É um universo de economia e desenvolvimento social muito importante, que hoje explora o mercado do Rio de Janeiro e de outros estados vizinhos”, informa Silvio.

“Isso aqui é mais do que um paraíso, é um local de trabalho e de vida.”

Silvio Galvão, engenheiro agrônomo (na foto à esquerda)

Nazaré Dias, gerente do Programa Florescer

TECNOLOGIA FEZ A DIFERENÇA

Para que tantas flores cheguem ao consumidor com qualidade impecável, entra em cena a tecnologia. Nazaré Dias, gerente do Programa Florescer – iniciativa estadual que apoia a modernização da produção –, exemplifica: “O estado do Rio, quando começou, era abastecido por São Paulo, e hoje, com a profissionalização que os produtores estão tendo com o apoio do estado, eles dominam, principalmente, a tecnologia do cultivo protegido”.

A proximidade com a capital é outro diferencial competitivo. “Nós estamos a 150 quilômetros do Rio de Janeiro, do grande centro comercial, e isso é uma vantagem muito grande porque outros concorrentes ou outros mercados produtores estão a mais de 500 quilômetros. Hoje, conseguimos resultados técnicos e econômicos maiores, a ponto de parte do mercado do Espírito Santo e de Minas Gerais também ser abastecido pelo sucesso da produção fluminense”, destaca Silvio.

O desafio é manter o frescor das flores até o destino final. O engenheiro agrônomo explica como isso é possível: “Temos nos dedicado a estruturar os produtores rurais com o que eles precisam para a comercialização, e eles já detêm uma infraestrutura de câmaras frigoríficas em torno de 4ºC, além de eletrificação rural e até geradores para que não tenham prejuízos. A colheita pode começar na véspera ou em até três, quatro dias. Após colhidas, as flores são mantidas não só refrigeradas, mas também em poços com água. O nosso transporte é todo rodoviário, feito nos caminhões com essa infraestrutura. Então, hoje consigo ter um deslocamento de até cinco dias com toda a tranquilidade, deixando as flores com o mesmo frescor, com a mesma tonalidade de cores e com a mesma qualidade para poderem ser ainda comercializadas em mais alguns dias nos pontos de venda”.

TURISMO DE ENCANTAMENTO


A fazenda é também um espetáculo para os olhos de quem visita. Nazaré explica a lógica por trás das estufas: “A área de produção também é de visitação, em que as mudas se encontram em vários estágios – pequenas, intermediárias e já florescendo. Então, o local fica sempre florido”. E, diante de tantas cores, não tem como não se encantar. “Quem vem visitar essa propriedade fica deslumbrado ao ver as flores. A gente vende a emoção. É um encantamento”, resume Nazaré.

De olho nesse fascínio, Wallaf decidiu abrir as portas também para o turismo. “Como muitas pessoas nunca tiveram a oportunidade de ir a uma produção de flores, mas só de verem em fotos ou vídeos ficam encantadas, decidimos trazer essa experiência até aqui. Preparamos o nosso espaço para trabalhar com turismo, recebendo visitações aos sábados e domingos”, conta ele. E a experiência vai muito além das flores: “Hoje, temos uma cafeteria bem completa, que vende inclusive doces feitos, em sua maioria, com morango, que nós também plantamos aqui”. Mas, antes de ir embora, os visitantes recebem uma lembrança especial: “Toda pessoa que vem nos conhecer, no final da visitação, ganha de brinde um buquezinho de flores, para levar com ela um pedacinho nosso”, avisa Wallaf.

Assim, associando trabalho e encantamento, a Fazenda das Flores Heckert mostra que Nova Friburgo não é apenas um lugar de montanhas e clima ameno. É, sobretudo, um jardim que floresce em cores e histórias.

“Hoje, contamos com mais de dez tipos de espécies. A maioria delas abertas. Por mês, produzimos mais de 10 mil maços.”
Wallaf Heckert, proprietário da fazenda

 

 

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