Tomates
PROTAGONISTAS
EM PATY DO ALFERES
O VERMELHO DESSE FRUTO COLORE A ECONOMIA DE UMA CIDADE QUE FICA A POUCO MAIS DE 100 KM DO RIO DE JANEIRO. NESTA EDIÇÃO, VAMOS CONHECER AS ESTUFAS DA SEAL HORTIFRUTI, UMA DAS EMPRESAS QUE FOMENTA A PRODUÇÃO DA REGIÃO E AJUDA PATY A SE MANTER COM O TÍTULO DE A “TERRA DO TOMATE”.
Paty do Alferes ocupa uma posição de destaque no agronegócio fluminense. Segundo a Emater-Rio, o município responde, junto a Sumidouro, por quase um terço da produção estadual de tomates, e celebra a colheita com a tradicional Festa do Tomate, patrimônio imaterial do estado do Rio. O clima de altitude, com dias ensolarados e noites frias, favorece o amadurecimento uniforme do fruto e a doçura que se tornou marca da região.
E não é à toa que esta simpática cidade, emoldurada pelas montanhas da Serra do Mar, se orgulha do título de “terra do tomate”. O município é o maior produtor do estado do Rio de Janeiro e tem na agricultura protegida o motor de sua economia. E nós fomos conhecer um pouco de toda essa produção, nas estufas da Seal Hortifruti, que contabilizam 1.560 m2, contendo três mil vasos com tomates. Lá, presenciamos como a tecnologia e o cuidado com cada planta transformam o fruto vermelho em símbolo de prosperidade e identidade local.
“Esse tomate aqui já está com quatro meses de colheita. É o tipo grape, o tomate uva, e hoje dá uma rentabilidade muito boa para nós, produtores”, explica Juliano Fernandes, proprietário da Seal Hortifruti, enquanto nos apresenta as fileiras simétricas de vasos suspensos.

“A planta é guiada a 45 graus para aumentar o volume de produção e facilitar a colheita. Quando chega no ponto vermelhinho, a gente já vem colhendo”, completa.
COLHEITA EM VASO É O DIFERENCIAL
Na Seal, as plantas não tocam o solo. São cultivadas em vasos com substrato de turfa e recebem os nutrientes certos, na medida exata. “Quando a planta está no chão, ela absorve pouco do nutriente do solo. No vaso, a gente faz a dieta dela. Todo o nosso sistema é de fertirrigação por gotejo: cada gota d’água leva junto os nutrientes que desejamos. Num dia mais quente, aumentamos o tempo do gotejo; num dia mais frio, diminuímos”, conta Juliano.

A técnica é resultado de anos de aprimoramento. O uso de substrato suspenso evita o contato com pragas do solo, e o chamado “vazio sanitário” – período de 30 dias em que a estufa fica completamente vazia – garante o controle de doenças. “A intenção é não deixar a praga se alimentar. Sem planta, ela morre. É um jeito natural de limpar o ambiente”, explica o proprietário.
O cuidado com o manejo se reflete nos números: “Temos uma das melhores produtividades do Brasil no tomate grape em vaso”, afirma o produtor. “Nossa média é de 12 quilos por planta. São três mil vasos por estufa, e cada uma produz até três toneladas por semana no pico da colheita”, diz. O ciclo dura cerca de oito meses, garantindo colheita e renda praticamente o ano todo.
O controle ambiental também é de alta precisão. “Nas nossas estufas usamos uma tela chamada luminete. Quando a temperatura chega a 38 graus, ela abre automaticamente, estabilizando o clima interno. Assim, a planta não sofre estresse térmico”, comenta Juliano. O sistema de sombreamento automático é um dos diferenciais que permitem manter a produtividade mesmo nos meses mais quentes.
HORA DE SEGUIR PARA A EMBALAGEM
Depois da colheita, o fruto segue para o setor de processamento e embalagem. “Aqui, o tomate é separado por tamanho, em máquinas que classificam por milímetro. Temos quatro categorias: o italianinho, o mini, o tomate A e o dois A”, informa Juliano. A área é climatizada e conta com câmaras frias para conservar o frescor. “O grape e o italiano ficam aqui no máximo dois a três dias antes de seguirem para os supermercados”, acrescenta.
Dentro da câmara fria, Juliano apresenta uma inovação: o uso do ozônio para prolongar a durabilidade do produto. “O ozônio melhora o ambiente e aumenta o tempo de conservação. Hoje, temos 70 toneladas de tomate armazenadas aqui dentro. O fruto fica firme por até 15 dias, pronto para ser embalado e enviado.”
É nesse momento que entra em cena Diego Gomes, supervisor de produção. “Estamos na fase final do processo, a área de expedição. Daqui saem, por dia, de 10 a 14 toneladas de tomate”, explica ele, enquanto aponta para os pallets que seguem em direção aos caminhões. “A maior parte vai para o estado do Rio, mas já estamos enviando também para Santa Catarina e começando com São Paulo. A empresa está crescendo”, comemora.
O cuidado com cada detalhe, do plantio à entrega, é o que faz da Seal Hortifruti uma referência no setor. Juliano explica que a combinação entre tecnologia e dedicação ao campo é o que sustenta a qualidade dos frutos. Produzir tomate, para ele, é acompanhar o ciclo da planta todos os dias – entender suas necessidades, respeitar os limites do clima e atender às expectativas de quem consome. Com o olhar voltado para o futuro, ele aposta em sustentabilidade e inovação. A Seal planeja ampliar as estufas e investir em novas variedades, como o grape e o sweet, buscando atender a um mercado cada vez mais exigente e que valoriza a qualidade e a rastreabilidade.
Enquanto o sol se despede atrás da serra e o aroma das plantas maduras toma conta da estufa, Juliano observa as fileiras que brilham sob o plástico translúcido, refletindo o resultado de meses de trabalho. Orgulhoso, ele enaltece o empenho de toda a equipe e o significado daquele cultivo para a cidade. Em cada fruto colhido, há a cor da terra e o esforço de quem transforma o campo em prosperidade.
Assim, entre tradição e tecnologia, Paty do Alferes reafirma seu lugar no mapa do agronegócio brasileiro – não apenas como a capital do tomate, mas como exemplo de uma agricultura que floresce em harmonia com o ambiente e com a satisfação de quem vive do campo.
Paulo Renato Marques é presidente da Pesagro-Rio, engenheiro e cientista político com MBA em marketing pela COPPEAD






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