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Tênis: bate bola para uma vida melhor

Tênis
BATE BOLA PARA UMA VIDA MELHOR

O TÊNIS É UM ESPORTE QUE ATRAVESSA GERAÇÕES, FORTALECE A SAÚDE E ABRE CAMINHOS DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL. NESSA EDIÇÃO, FOMOS ÀS QUADRAS CONHECER HISTÓRIAS INSPIRADORAS DE QUEM RESPIRA ESSA PRÁTICA.

Fotos: Isabela Salles

A plateia faz silêncio. Ouve-se apenas o som da bola quicando na quadra, de um lado para o outro, e do movimento rápido dos pés dos atletas. Que esporte é esse? Mais pistas: ele nasceu na Europa, mas hoje está cada vez mais presente no Brasil. Além de trabalhar o corpo todo, reflexo, resistência e coordenação, também é um grande aliado da mente e da qualidade de vida. Descobriu qual é? É o tênis! Então, seja para manter a saúde ou simplesmente se divertir, saiba que essa atividade vai muito além do placar.

Para praticar o esporte, o corpo trabalha de forma intensa. A modalidade melhora o condicionamento físico, fortalece músculos, aumenta a resistência cardiovascular e ajuda a queimar calorias – uma hora de jogo pode eliminar até 600, dependendo da intensidade. Quem percebe os desafios da prática na pele é o personal trainer Raul Ballista. Acostumado ao ambiente fechado de academias, ele reserva um horário em suas tardes para se exercitar ao ar livre.

“Venho para o clube para espairecer. Além de o tênis ser um lazer para mim, serve também como uma atividade física diferente da que costumo fazer numa sala de ginástica. Aqui, nós temos arrancadas e frenagens, e precisamos correr para trás, para frente, para os lados… Trabalha muito as pernas, além da coordenação. E ainda precisamos estar sempre atentos ao percurso da bola, e isso desenvolve muito a parte neuromuscular e o cérebro. Para mim, é um esporte completo”, comenta.

Todo esse esforço físico, contudo, compensa. É o que acha a professora Daniela Horta, que jogou o seu primeiro torneio aos 9 anos e, hoje, segue disputando como veterana. “O tênis é uma alegria, um prazer. Eu não consigo me ver longe dele. Além de ser bom para o físico, também é para a nossa cabeça. É um esporte maravilhoso”, conta Daniela, que costuma treinar acompanhada do marido, que, aos 82 anos, não deixa a quadra.

“Quando eu entro em quadra, o que mais me motiva é o meu sonho de ser profissional, ganhar grandes lances, ser o número 1 do mundo.”
Bernardo Carvalho, tenista juvenil

Isso mostra que o tênis é um esporte para todas as idades. Quando Wong Kwan começou a jogar, por volta dos 30 anos, nem imaginava que não pararia mais. Aos 73, já participou de diversos torneios nacionais e internacionais. Ao longo de suas viagens com a raquete, algo o impressionou: a idade avançada de alguns jogadores. “Quatro anos atrás, no Mundial em Mallorca, havia um jogador em quadra de 97 anos. Há dois anos, vi em ação o Henry Young. Young era só o nome, porque ele tinha 100 anos. Isso mostra que o tênis proporciona e permite essa longevidade”, conta Kwan.

Daniela dá a sua opinião sobre o assunto, referindo-se ao marido e à dupla dele: “Eu acho que é por conta do esporte que eles realmente vivem tanto. E, se Deus quiser, também viverei”. Ela está falando de Raimundo Azevedo, que, do alto de seus cabelos grisalhos, empunha a raquete há 43 anos. “Olha, eu tenho a impressão que, se eu não jogasse tênis, já teria morrido. No futebol, me machuquei. No basquete, fiquei baixinho. Então, adotei o tênis como um recurso que me faz jogar com amigos. Quando você está com o equipamento adequado, o tênis certo e a quadra de saibro, a sua vida se alonga”, divide a sua receita.

A FORÇA DOS MAIS JOVENS

Quem ainda tem uma longa jornada pelas quadras é Bernardo Carvalho, de 16 anos. Mas o seu currículo atual já indica que ele está no caminho certo para seguir jogando pelo resto da vida. Tenista juvenil, já coleciona diversos títulos e jogos importantes. O que ele considera mais marcante até agora foi disputar, aos 13 anos, a final do Dubrovnik Dub Bowl, um prestigiado torneio internacional de tênis júnior. “Foi uma partida muito dura, mas eu saí com uma vitória emocionante e que me deu a oportunidade de disputar o Les Petits As, o maior torneio sub-14 mundial. Foi um privilégio jogar com os melhores do mundo”, comemora.

Bernardo, que iniciou aos 5 anos, se declara como um apaixonado pelo esporte. “Quando eu entro em quadra, o que mais me motiva é o meu sonho de ser profissional, ganhar grandes lances, ser o número 1 do mundo. Sempre procuro dar o meu melhor, continuar com essa resiliência e seguir firme nesse propósito”, planeja. Enquanto isso, o adolescente já inspira novas gerações com a sua garra em quadra, e dá um recado aos iniciantes: “Tem que se dedicar, acreditar nos seus treinadores e jogar feliz”.


Dedicação é o que não falta sobre o saibro de uma quadra pública, em frente ao Clube Monte Líbano, no bairro da Lagoa. Trata-se do projeto social Tênis na Lagoa, que, há 21 anos, oferece aulas do esporte gratuitamente para crianças e jovens de 6 a 18 anos, moradores de comunidades do Rio de Janeiro. Até hoje, mais de 5 mil alunos passaram pelo projeto, que, no momento, conta com 200 participantes. “Quem nos ajuda são patrocinadores. Este é o primeiro ano que conseguimos, por meio da Lei do Incentivo Fiscal Federal, o apoio do Santander. E está sendo muito importante ver o projeto crescer em estrutura”, comemora o professor de tênis Alexandre Borges, criador do Tênis na Lagoa.

O projeto, contudo, vai muito além do esporte. Atualmente, os alunos também recebem acompanhamento psicológico, aulas de inglês, passeios educativos, entre outras atividades. “Quero que o esporte agregue valores para a vida deles. O Tênis na Lagoa é a minha família. É muita alegria ver a felicidade de um aluno quando acerta a bola. Mostro que difícil é, mas se lutar, treinar, se dedicar e focar, vai conseguir”, afirma Alexandre. E que essa empolgação sirva de exemplo para todos nós. Afinal, o tênis é muito mais dos que raquete e bola. É saúde, oportunidade e paixão de vida.

“O tênis é uma alegria, um prazer. Eu não consigo me ver longe dele. Além de ser bom para o físico, também é para a nossa cabeça. É um esporte maravilhoso.”

Daniela Horta, professora de educação física

 

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