SEU PET TAMBÉM MERECE UM SKINCARE
Você já não sabe mais o que fazer com aquele coça coça do seu animalzinho? Ele fica tão agoniado que até esfrega o bumbum no chão, não é? Isso sem falar da queda de pelo e da vermelhidão da pele. Foram vários tratamentos e dali a pouco, pronto, lá está ele se coçando de novo e você, claro, sofre junto. Mais comum do que se imagina, a dermatite é uma das principais queixas nos consultórios veterinários.

A coceira em cães pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas ou fúngicas, alergias, parasitas, hipersensibilidade alimentar ou, até mesmo, fatores ambientais. A pele é o maior órgão do corpo e a primeira barreira de proteção do animal. Por isso, é importante que se estabeleça uma rotina adequada de cuidados preventivos.
QUANDO A COCEIRA É UM PROBLEMA
1 – Uma coceira ocasional pode ser considerada normal se não interromper as atividades de rotina do seu pet, como brincar ou comer. Se provocar perda de pelo com falhas ou danos à pele, algo está errado.
2 – Seu cão não deve se sentir incomodado com a coceira. Repare se ele lambe ou mastiga muito as patinhas, se esfrega nas paredes, morde a pele ou se coça constantemente.
3 – Fique alerta se ele costuma chacoalhar a cabeça e se o ouvido tem secreção com odor desagradável.
4 – Abra a pelagem e verifique se a pele apresenta feridas, crostas e coloração mais escura ou com vermelhidão.
5 – Nem toda coceira é alergia, mas toda alergia não controlada apresenta coceira.
A boa notícia é que existem tratamentos que podem dar alívio rapidamente. A médica dermatologista veterinária Patrícia Pimentel recomenda ao tutor procurar um especialista logo nos primeiros sintomas, e já adianta algumas dicas caseiras que podem ajudar:
– Dieta alimentar.
– Limpar a casa com produtos de amônia quaternária ou substâncias voláteis, como álcool ou hipoclorito de sódio, para matar os germes.
– Evitar oferecer petiscos coloridos e com muitas substâncias artificiais.
O FIM DAS COCEIRAS
Gigi chegou ao consultório quase sem pelo e com muitas erupções na pele, chamadas de piodermite. Na escala de coceira com variação de zero a dez, ela estava no nível máximo, e até acordava só para se coçar. Sua tutora estava muito preocupada, porque já tinha tentado vários tratamentos sem sucesso. Dessa última vez, uma boa notícia: Gigi foi submetida ao teste da hipersensibilidade alimentar e entrou na dieta de dois meses somente com ração hipoalergênica.
Como tratamento clínico, foi prescrito o medicamento Oclacitinib, conhecido nas farmácias veterinárias como Apoquel, e, para o alívio do prurido (coceira), recebeu uma aplicação do Cytopoint a cada dois meses. A partir daí, ela começou a ter qualidade de vida com a diminuição da queda de pelo e o fim das lesões de pele e placas vermelhas. “Agora ela está linda, com pelo maravilhoso. Só não deixou ainda de ser ansiosa. Fica desesperada quando está na minha mesa”, diz a veterinária Patrícia.




DIAGNÓSTICOS A PARTIR DE EXAMES NO OUVIDO
A otoscopia, exame que permite detectar doenças, infeções e lesões no ouvido, é sempre recomendada na consulta de avaliação dermatológica. O cãozinho Jimmy, considerado um “anjinho” por sua veterinária, estava incomodado com as coceiras e a descamação na região das orelhas. Os exames apontaram a presença de Malassezia, um tipo de fungo responsável por causar infecções. “Não é comum acharmos essa quantidade grande de Malassezia. Então, é preciso tratar a crise para equilibrar a microbiota, que são as bactérias boas do ouvido”, concluiu a veterinária.
Como Jimmy é muito sensível e fica nervoso ao aplicar o remédio, foi introduzida uma medicação com efeito residual de 28 dias. De acordo com a médica, a otite, na maioria dos casos, acontece por quadro alérgico. O animal começa a se coçar, a pele inflama e então aumentam as chances de os fungos e as bactérias atacarem. Com o tratamento preventivo, o resultado é bastante satisfatório, diminuindo as crises. “O importante para animais com problemas dermatológicos é o cuidado do tutor em fazer a manutenção. O Jimmy, por exemplo, está muito bem cuidado agora”, avalia a médica.

DERMATITE ATÓPICA CANINA
Milie foi resgatada das ruas e chegou a um abrigo em condições críticas. Nem sequer era possível saber sua cor, de tantas lesões provocadas por coceira. Os médicos até suspeitaram de uma doença autoimune mais grave, mas o laudo da citologia confirmou a dermatite atópica canina – uma doença de pele caracterizada por coceira intensa, que pode acometer o corpo todo ou parte dele, como orelhas, extremidades das patinhas e face. É uma forma de alergia muito comum em cães. Pode ser desencadeada por substâncias que estão no ambiente e penetram na pele do animal, causando estimulação exagerada do sistema imunológico, alergia e inflamação. O tratamento é complexo e envolve medicações, xampus e produtos aplicados na pele do animal.
No caso da Milie, o abrigo não teve condições de arcar com as despesas, mas o hospital veterinário cuidou da cadelinha e fez uma campanha até encontrar uma família acolhedora.
ALOPECIA X, UMA DOENÇA AINDA POUCO CONHECIDA

dermatite atópica canina e, após tratamento, ganhou uma família
A tinge cães (tanto machos quanto fêmeas) de todas as idades e provoca a perda dos pelos, geralmente na região dorsal, se estendendo pela cauda.
A opecia X afeta, em sua maioria, cães da raça spitz alemão, mas também pode se manifestar em outras raças. A cadelinha Bela, de 9 anos, era bem peluda, mas, com o tempo, foi perdendo a pelagem do corpo inteiro, até do rabo e da região embaixo do pescoço. Nesse caso, Patrícia recomenda o tratamento alternativo com uso de melatonina ou microagulhamento para escarificar, ou seja, gerar um trauma na primeira e segunda camadas da pele a fim de promover um processo de cicatrização para o nascimento do pelo.
“Hoje, já existe um chip que, teoricamente, vai agir em alguns hormônios e então ajudar na repilação, mas tudo ainda é muito empírico. Não há um tratamento único, correto, para se ter essa resposta”, explica Patrícia. A veterinária recomenda as precauções:
“O tutor não deve dar banho toda semana. Quanto mais poupar o pelo do animal, melhor. Espaçar o banho entre 15 e 30 dias e, como manutenção, só tosar com tesoura e não deixar baixar muito o pelo”
Dra. Patrícia Pimentel, sócia-fundadora e especialista em Dermatologia
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