LARANJAS:
AS MAIS DOCES ESTÃO EM TANGUÁ
Esta fruta é a segunda mais cultivada em todo o mundo – só perde para a banana. E o Brasil aparece como o seu maior produtor mundial, com destaque para o estado de São Paulo. Mas, numa pequena cidade do estado do Rio, encontram-se as laranjas de sabor mais indescritível. Venha conhecer essa delícia!
Em sua origem, a laranja não é um produto tipicamente nacional. Há mais de 4 mil anos, ela começou a ser cultivada no sul da China e só foi chegar à Europa – mais precisamente, na Península Ibérica – lá pelo século X, trazida pelas mãos de comerciantes mouros. Até que, por volta de 1530, essa fruta finalmente atracou no Brasil graças a uma necessidade dos colonizadores portugueses: tratar os seus marinheiros que sofriam de escorbuto, doença causada pela deficiência de vitamina C. Mal sabiam que isso daria início a uma nova paixão nacional, já que, hoje, o Brasil se encontra como o maior produtor de laranjas do mundo.
Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a safra em terras verde-amarelas foi de 12,3 milhões de toneladas da fruta em 2024, sendo seguida por 7,6 milhões de toneladas na China e 5,7 milhões de toneladas nos solos norte-americanos. No Brasil, 74,6% da produção se encontra no estado de São Paulo. Ainda assim, no estado do Rio de Janeiro, numa pequena cidade a apenas 65 km da capital, estão as mais doces de todo o país: as laranjas de Tanguá.

Rodeada pelas cidades de Itaboraí, Maricá, Rio Bonito e Saquarema, Tanguá compõe o que chamamos de região metropolitana do Rio. E o seu maior atrativo – inclusive turístico – se baseia justamente em sua produção diferenciada da fruta, tanto é que recebeu o título de Capital Estadual da Laranja. “Aqui, produzimos uma laranja terroir, vamos dizer assim, que tem um nível de acidez muito mais baixo e que promove uma sensação de doçura. Uma laranja gourmetizada, que nós chamamos de laranja de mesa. Os outros estados até produzem mais, mas não com esse esplendor, com o paladar das laranjas de Tanguá”, enaltece Rodrigo Medeiros, prefeito da cidade.
Não foi à toa que essa fruta tanguaense recebeu, em 2022, o selo de Indicação Geográfica (IG), que reconhece a origem e a qualidade de um produto devido a características específicas (e, muitas vezes, únicas) de sua produção em uma determinada região – e, no caso de Tanguá, a doçura e a suculência de suas laranjas as diferenciam das outras produzidas no país. “A nossa laranja é a mais doce do Brasil por uma questão de combinação de elementos químicos do solo. O que isso quer dizer? Que ela só é doce por estar aqui em Tanguá. Se pegarmos um pé e levarmos para outro local, a fruta não vai ter essa questão de menor teor de acidez e maior doçura, em que a frutose dela se sobressai. Isso só se dá em função dessa combinação de solo, abençoado por Deus nessa terra”, assegura Paulo Renato Faria Ramos, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Tanguá. Para se ter uma ideia, a maioria das laranjas apresenta uma pontuação de doçura entre 10 e 12 brix (índice que se refere ao teor de açúcar em alimentos), enquanto as de Tanguá chegam a 16 brix.
PRODUÇÃO ACOLHEDORA E FAMILIAR

Outro detalhe importante da fruta tanguaense é que 95% da produção é oriunda da agricultura familiar. Isso impulsionou o governo da cidade a implantar em Tanguá uma biofábrica de mudas certificadas de laranja. “Em breve, todos os produtores vão receber gratuitamente mudas novas, livres de patógenos. E lá na biofábrica vamos ensinar técnicas de manejo, irrigação e como aproveitar melhor as questões climáticas, que também favorecem para que ela tenha esse grau de doçura e menos acidez, explicando sobre a incidência de chuva e sol na época certa e na quantidade certa. Ou seja, temos tudo para avançar e fazer com que Tanguá seja reconhecida como a maior produtora de laranjas do estado do Rio de Janeiro”, informa Paulo Renato.
Um dos produtores familiares de Tanguá é Claudionor Rocha, do Sítio Rocha. Em seu pomar, há 2 mil pés de laranja, entre seleta, natal comum (mais apropriada para suco), bahia e lima. Desde os 8 anos de idade, ele já trabalhava na produção e colheita das frutas junto ao pai, à mãe e à irmã. Hoje, ele segue cuidando de tudo ao lado de sua esposa e da filha Amanda, que também se dedica ao turismo na região. “Aqui, eu não me preocupo com a quantidade da produção, e sim com a qualidade do fruto. E posso garantir que a laranja de Tanguá é a mais doce não só do Brasil, mas também do mundo”, opina Claudionor.
“Aqui, produzimos uma laranja terroir, vamos dizer assim, que tem um nível de acidez muito mais baixo e que promove uma sensação de doçura. Uma laranja gourmetizada, que nós chamamos de laranja de mesa. Os outros estados até produzem mais, mas não com esse esplendor, com o paladar das laranjas de Tanguá.”
Rodrigo Medeiros, prefeito de Tanguá

CONVITE IRRESISTÍVEL
De fato, a Revista Manchete esteve em Tanguá e teve a oportunidade de experimentar suas laranjas. E, realmente, são deliciosas. Se você se encantou com a possibilidade de conhecer essa cidade acolhedora, tão perto do Centro do Rio, para conferir pessoalmente tamanha doçura, é só organizar sua visita para participar do Circuito da Laranja. De maio a outubro – época da colheita da fruta –, de quinta-feira a domingo, a cidade recebe centenas de turistas para entenderam por que a laranja de Tanguá é tão especial.
“Nós oferecemos um café da manhã maravilhoso e os visitantes ganham uma faca e uma bolsinha para poder colher a laranja do pé, descascar e degustar”, convida o secretário Paulo Renato. Quem disser sim ao convite, será recepcionado por um mascote, o Laranjito, que deixa o passeio ainda mais divertido, passará por belas paisagens e ainda poderá curtir a feira de artesanato local – obviamente, repleta de produtos cuja base é a laranja. Mais doce, impossível.
Mas atenção: o Circuito da Laranja só atende a grupos agendados, com 25 a 30 pessoas. Para garantir a sua vaga, ligue para o tel.: (21) 2747-4113, de segunda a sexta, das 9 às 16 h. Organize-se e boa degustação dessa laranja única!
Paulo Renato Marques é presidente da Pesagro, engenheiro e cientista político com MBA em marketing pela COPPEAD