O encontro do Grupo de Líderes Empresariais (LIDE Rio) desta edição contou com a presença do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), André Mendonça. Também discursou e participou de uma mesa de perguntas a presidente da OAB/RJ, Ana Tereza Basilio.
O evento apresentado por Andréia Repsold aconteceu no dia 15/4, no hotel Fairmont, em Copacabana. Durante o almoço, autoridades e líderes empresariais estreitaram laços e trocaram experiências sobre o tema ‘governança corporativa’.
O ministro André Mendonça concedeu uma entrevista exclusiva à colunista da Revista Manchete e presidente do LIDE Rio, Andréia Repsold. Perguntado sobre sua teoria de tese de mestrado que, justamente, abordou o tema governança corporativa, o ministro, antes de se aprofundar, definiu sua concepção de servidor público.

“O bom servidor público tem disposição para prestar um serviço público de qualidade, com eficiência, e, para isso, nós dependemos de uma governança adequada. Uma governança que trabalhe com pilares de integridade e respeito à sociedade, e esse respeito envolve a preservação de um vínculo de confiança. Nós não podemos ser servidores públicos dentro de gabinetes. O servidor público pode estar em um gabinete, mas o seu olhar tem que estar voltado para a vida das pessoas, da sociedade e daqueles que mais precisam.”
André Mendonça, ministro do STF e TSE
O magistrado da Suprema Corte, que também é professor e pastor presbiteriano, declarou que o ponto de conexão entre seus ofícios está na forma de condução dos atos. Desde os mais simples aos mais complexos, todos demandam um grau de excelência, pois, por princípio, ele os faz como se estivesse fazendo para Deus. Para o ministro, o bom exemplo deve ser dado pelos líderes empresariais para que as atitudes éticas e íntegras possam servir de parâmetro a seus funcionários. Ressalta ainda a importância da segurança jurídica na esfera pública, principalmente em transições de governo para que não haja o rompimento em políticas públicas importantes, e nas corporações privadas, no sentido de se respeitar as leis, os contratos firmados e o desenvolvimento daquilo que já estava pactuado.



O ministro sinaliza, em tom de alerta, que o indicador brasileiro de regulação está muito aquém do esperado e lembra que os indicadores do Banco Mundial hoje apontam que o Brasil está atrás do Paraguai em termos de regulação do setor privado. Quanto ao desenvolvimento econômico em nosso país, o magistrado se declara a favor da livre iniciativa, garantida pela Constituição, de modo que o Estado intervenha menos nas atividades do setor privado, promovendo, assim, o aumento da responsabilidade por parte dos líderes empresariais.
E como mensagem direcionada aos gestores brasileiros, Mendonça pede perseverança. “Você é confrontado com uma realidade adversa, com alta carta tributária, poucos incentivos públicos, dificuldade de ter boa mão de obra e juros altos, mas nós precisamos que você não desista. Precisamos que acredite em você, no Brasil e no potencial da sua empresa, e que você continue ajudando a construir um país melhor a cada dia”, conclui o ministro enaltecendo a importância do LIDE para as atividades econômicas com responsabilidade social no Rio de Janeiro.


Os líderes empresariais também ouviram atentamente às considerações da primeira mulher a ocupar a presidência da OAB/RJ, Ana Tereza Basilio. Ela chamou a atenção para o dever de vigilância das empresas sobre a cadeia produtiva e a responsabilidade social por todos aqueles que participam, sejam eles fornecedores, investidores ou integrantes do mesmo grupo econômico.
“O tema é novo, mas é estruturado de uma maneira muito inteligente e prevê uma série de iniciativas preventivas e de orientações para regulamentação de atividades econômicas, de maneira a responsabilizar socialmente, com direitos humanos, respeitando o meio ambiente e as empresas produtoras de riqueza.Essa lei francesa foi inspirada nas orientações da Organização das Nações Unidas de 2011, e ela aqui no Brasil inspirou o projeto de lei que está tramitando no Congresso Nacional.” Ana Tereza Basilio, presidente da OAB/RJ
O encontro de líderes do Rio foi marcado pela discussão de bons modelos de governança e o papel das instituições jurídicas no mundo corporativo. Um ambiente de conexão entre representantes de entidades atuando como agentes transformadores na construção de uma sociedade mais justa, ética e sustentável, por meio de práticas responsáveis e transparentes de gestão.