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Golfe:
O esporte que faz o brasileiro pisar na grama sem chuteiras

Se você é daqueles que quando vê um gramado bem verdinho já pensa em futebol, tá tudo bem. Os brasileiros associam rapidamente o gramado a chuteiras e, raramente, a tacos de golfe. Mas os Jogos Olímpicos de 2016 mudaram um pouco essa percepção. Fora das Olimpíadas por mais de cem anos, o golfe retoma essa posição justamente no Rio de Janeiro, selando seu passe em pleno país do futebol.

O Campo Olímpico de Golfe, localizado na Barra da Tijuca, na Reserva de Marapendi, foi inaugurado em 2015, já com previsão para as Olimpíadas de 2016. O projeto do campo é do arquiteto norte-americano Gil Hanse. E o projeto do prédio principal foi escolhido em um concurso nacional, vencido pelos arquitetos brasileiros Pedro Évora e Pedro Rivera. Nele, há um espaço para eventos, restaurante, bar, capela e um salão de beleza. A área total abrange 970 mil metros quadrados, com capacidade para 15 mil espectadores, conta com 18 buracos, dois lagos artificiais, área para treino de tacadas curtas, conhecida como approach e campo para os jogadores poderem praticar, incluindo os golfistas amadores.

O presidente do Campo Olímpico de Golf, Carlos Favoreto tem se destacado em trazer torneios importantes para o país e contribuído para colocar o golfe brasileiro no mapa do mundo. A grande vitrine foram as Olimpíadas assistidas por cerca de dois bilhões de pessoas no mundo todo.

O reflexo de 2016 é colhido até hoje. O número de golfistas no Brasil chegou a 20 mil no ano passado – o dobro de dez anos atrás. O que não faria nem cócegas numa torcida de futebol, mas, para o golfe, é um grande avanço em um país que tem apenas 117 campos de golfe, sendo 60 deles em São Paulo e menos de 10 no Rio de Janeiro. Tem um motivo para São Paulo ter mais campos de golfe do que o Rio de Janeiro e não é apenas o gosto pelo esporte. “São Paulo descobriu primeiro que os campos de golfe atraem investimentos ao redor”, diz Favoreto. Ao redor do complexo esportivo na Barra da Tijuca, os empreendimentos imobiliários foram altamente valorizados.

O campo conta com mais de 7 mil jardas, 18 buracos com greens bem aparados e qualquer pessoa pode comprar o Green Fee e jogar.

O golfe ainda é considerado um esporte de elite. Um dia de jogo pode custar até R$ 1.500,00 com uso do campo, equipamentos e os famosos carrinhos de golfe. Mas o Campo Olímpico de Golfe permite que pessoas que nunca deram uma tacada sequer possam fazer aulas grátis até terem a percepção se levam jeito mesmo para a coisa. Os iniciantes aprendem os ensinamentos básicos desse esporte, que pode ser jogado individualmente ou em grupos de dois a quatro jogadores. O resultado vai depender do esforço individual e sorte para acertar os buracos com o menor número de tacadas. A dificuldade e o desafio também estão no próprio campo, todos são diferentes e com obstáculos naturais ou artificiais. Deu vontade de experimentar? Aos sábados, domingos e feriados há professores disponíveis para aulas gratuitas, um passeio que já vale só pela paisagem.

O presidente do Campo Olímpico da Barra, Carlos Favoreto

“Até as Olimpíadas de 2016, já estávamos há mais de 100 anos fora dos Jogos. Quando voltou, foi exatamente aqui. E foi fundamental para o esporte, porque aconteceu como um evento teste. Se não tivesse dado certo aqui, não teria em Tóquio, na França e nos Estados Unidos.”

Carlos Favoreto (presidente do Campo Olímpico de Golf)

O Golfe é um esporte de muitos detalhes, elegância nos equipamentos e vestimentas.
Um estilo sofisticado que reduz o número de adeptos à prática do esporte.

Os carrinhos de golfe são um capítulo à parte da experiência com o esporte. Nada mais gostoso que andar pelo campo só com o barulho do vento batendo no rosto. Só barulho do vento mesmo!

Os “karts” – como são chamados – são silenciosos, fáceis de manobrar em espaços pequenos e por isso, já deixaram de ser carrinhos “só de golfe” faz tempo. Eles ganharam robustez e, com isso, a moda pegou fora dos campos. Também são utilizados como veículos para transporte em shoppings, hospitais, estúdios de televisão e até mesmo para levar carga e urnas funerárias, virando um coringa em mobilidade sem poluição. “São veículos que servem da A a Z: da ambulância ao zoológico”, diz Alexandre Estrella, diretor de operações da Car Station, empresa que é líder do segmento no Brasil e América Latina.

Conhecendo a fábrica deles no Rio de Janeiro, é de se admirar o crescimento desse mercado. O grau de detalhamento dos modelos mais novos é surpreendente, se compararmos a projetos de veículos de grandes montadoras, com preços que podem chegar a R$ 240 mil os modelos mais sofisticados.

Eles são montados em um complexo com dois grandes galpões, onde se faz também a manutenção dos karts, inclusive com oficinas móveis. Os carrinhos chegam de dois países: China e Estados Unidos, sendo montados e customizados no Rio. Cerca de 80% do negócio da empresa está em alugar, em vez de vender os carrinhos. Fica mais barato e a empresa assume, além da manutenção, toda a logística de recarga e gerenciamento da frota do cliente.

Os carrinhos elétricos tem bateria de lítio – tecnologia mais avançada que as de chumbo – podendo ter vida útil de até 10 anos. Esses sofisticados carrinhos de alta tecnologia também são os queridinhos de milionários para pequenos deslocamentos em condomínios de luxo, comuns em Búzios e Angra dos Reis. Durante a visita, encontramos um dos carrinhos que pertence à mansão de uma famosa apresentadora de TV. “São 25 anos no mercado, tendo passado por todo tipo de evento, desde Copa, Olimpíada, Rock In Rio, shows e vários outros” – garante o diretor comercial do grupo, Marco Magalhães.