
“O Rio de Janeiro se esforça para retomar o protagonismo de ser a capital brasileira da entrada do mundo com seu bairro mais famoso, Copacabana. Eu faço parte de um grupo que tem a missão de recuperar as grandes histórias, momentos e os principais ativos da nossa cultura.”
Alexandre Accioly é carioca, 62 anos, casado e pais de 2 filhos, sempre foi empresário e possui investimentos em diversos setores da economia, mas, quando fala em entretenimento e turismo, seus olhos brilham. É um apaixonado e investidor costumaz no estado que ama e vende como ninguém. Leia ou assista a esta entrevista e perceba a energia que pulsa em um empresário que coloca o coração e patrimônio a serviço da cidade com o desejo sincero de que o turista do exterior, nacional ou os cariocas tenham experiências cada vez melhores no Rio. A dedicação é de tempo integral, com uma agenda alucinante e com pensamentos inovadores, mas, acima de tudo, com realizações e entregas, todas com muita excelência. Uma aula de empreendedorismo, dedicação e escolhas a favor do investimento.
Olhando para o número de investimentos que o seu grupo empresarial realiza no Rio de Janeiro em diversos segmentos, ultimamente muito mais na área de turismo e lazer, a pergunta parece pronta. O que você enxerga que muitos não percebem?
É um velho clichê, mas verdadeiro. Toda crise gera oportunidades, no momento existem muitos espaços fechados e mau utilizados para transformar em atrativos para o turismo. Desenvolver equipamentos para toda a família, melhorar a experiência do turista, aumentar o tempo da estadia do visitante e, dessa forma, gerar riqueza na cidade. Copacabana, por exemplo, tem potencial de se tornar a Broadway brasileira. Temos que reter nossos talentos mais jovens, encantar a todos para que voltem a investir aqui. Eu não trabalho, eu tenho prazer no que faço, empreender é meu hobby, minha agenda está ocupada em falar, incentivar o investimento e mostrar o potencial desta cidade. Temos um grande concorrente que é a cidade de São Paulo, que está bombando, tem trânsito às 2 horas da manhã, porque tem vida a qualquer hora. Então, eu vejo a grande oportunidade porque o Rio está vivendo um momento especial na retomada do turismo, sou avalista da total sintonia de todos os órgãos que me procuram para oferecer oportunidades de divulgar nossa cidade no Brasil e fora daqui. Trabalhar não só os cartões postais, mas também espaços como o Roxy, um equipamento importante da cidade. Gramado é um excelente exemplo do que estamos falando. A cidade respira turismo dia e noite, existe um planejamento contínuo há mais de 35 anos na cidade. Agora que estou dentro da trade do turismo, percebo que todos os entes aqui no Rio estão trabalhando juntos e é encantador fazer parte. Sem dúvida o Rio de Janeiro é um boom de oportunidades.
A sua primeira história empresarial remonta uma empresa de call center que depois de um crescimento vertiginoso foi muito bem vendida. A partir daí surgiram muitas oportunidades ou você pensou em se aposentar?
Na verdade, a coisa começou quando eu montei um jornal de classificados chamado Auto Negócios. Na época, eu montei um pequeno telemarketing com 6 posições, que era para fazer as televendas, só que veio o Plano Collor e o negócio parou, as pessoas não tinham mais dinheiro para comprar carro. A empresa entrou em crise, ficamos até sem luz no escritório. Olhando para as oportunidades, comecei a mudar o jogo e reorganizar o negócio da empresa que futuramente iria se transformar na Telemarketing 4A. Começamos com a Editora Abril, vendendo assinaturas. Mudamos para São Paulo e investi em tecnologia, no conceito de Contact Center e posicionamos a 4A como uma empresa responsável pelo elo na relação entre empresa e consumidores. Com isso, construímos uma carteira sólida com diversos clientes. Em 7 anos estávamos em todas as capitais do Brasil e quando vendemos a empresa, ela tinha 9 mil funcionários. Nessa época, eu poderia me aposentar, pegar onda e estudar línguas, que nunca fiz. Fui viajar e, nos hotéis, montei o “PEP” (Planejamento Estratégico Pessoal), termo que eu inventei, e escrevi em guardanapos de papel durante a viagem. Ao retornar ao Brasil, tomei muitas decisões, a primeira foi voltar para o Rio de Janeiro e a segunda trabalhar com entretenimento.
“Boa parte das minhas ações são preparadas através do “PEP” (Planejamento Estratégico Pessoal), termo que eu inventei. Estes planos são escritos em simples guardanapos de papel.”

Mas no meio dos empreendimentos voltados ao entretenimento surge a academia Bodytech. Como foi isso? E como foi o período da pandemia com as academias fechadas?
Na época em que estava em SP, as reuniões eram constantes, eu tomava dois cafés da manhã e comia dois almoços por dia, então dá para imaginar. Quando voltei ao Rio me matriculei em uma academia e fui cuidar da saúde. Até que um dia, lá estava a oportunidade na minha frente. O Paulo de Tarso, meu personal, em uma quinta-feira me liga avisando que não poderia treinar comigo, estava indo fechar as portas da academia Estação do Corpo na Barra e demitir os 90 funcionários.
Me propôs comprar a academia, mais uma oportunidade. Fiz uma ligação e bati o martelo. Viajei o mundo para conhecer o negócio e montamos um modelo que se transformou no sucesso que é hoje a Bodytech. Na época da pandemia, eu fechei 100 academias, com 150 mil clientes. Além de parar de receber, tive que devolver dinheiro. Vivemos momentos de muita dificuldade, mas hoje temos 200 mil clientes em todo o Brasil e teremos grandes investimentos para uma nova roupagem em todas as unidades.

Depois da experiência do Gero, você resolveu retornar ao setor de alimentação e montou o Casa Tua na Barra da Tijuca. Como está este negócio?
Eu conheço a Barra da Tijuca, é um público maravilhoso, tenho 8 academias no bairro. Fiz um investimento altíssimo no prédio onde funcionava o Gero, que montei quando era sócio do Fasano, mas logo após eu sair da sociedade eles fecharam o restaurante. Um dia, o Alves, que era o professor dos restaurantes do Fasano, se desligou do grupo e me ligou, disse que havia conseguido o ponto onde era o Gero e se eu queria ser o investidor, aí fechei, claro.
Uma oportunidade. Embora o Casa Tua seja disparado o melhor restaurante de comida italiana no Rio, certamente é o negócio mais desafiador de se tocar. Na época de abrir, um dos desafios foi o nome, a casa era lindíssima, um local perfeito com o melhor cheff para cuidar do restaurante, mas faltava aquele toque que já remetesse um posicionamento de mercado. E assim compramos a marca Casa Tua de uma senhora que tinha um restaurante em São Paulo, no Center Norte, fechado por conta da pandemia e que tinha a marca no INPI há 10 anos. Já estamos no terceiro ano de total sucesso e com muitos projetos de expansão sendo analisados no Rio e em SP.
Voltando ao mundo do entretenimento, por que você resolveu assumir a casa de shows no Shopping Via Parque?
Tudo na vida são oportunidades. Eu acordo um dia e, lendo a coluna do Ancelmo Gois, tenho a informação de que o grupo Time For Fun tinha devolvido a casa ao shopping e que iria virar um supermercado. Daí eu ligo para o Sérgio Pessoa, que era o superintendente do Via Parque, e pergunto para ele se era verdade. Eu removi da cabeça dele desperdiçar uma casa belíssima de shows. A ideia era trazer de volta o Metropolitan do Ricardo Amaral. Juntei minha turma, chamamos o João Uchoa e montamos o Qualistage, que hoje é tocado brilhantemente pelo Bernardo Amaral, que é um profundo conhecedor da classe artística do Brasil. Oferecemos camarins maravilhosos, segurança, excelente divulgação e resultados de bilheterias que agradam a todos.

O Roxy salta aos olhos pela audácia tanto em investimento, quanto em termos de espetáculo. Como você vê a relação do Roxy enquanto casa de espetáculo para o turismo e o carioca?
Na época da pandemia eu comecei a pensar em um dinner show para turistas no Rio de Janeiro, uma casa nos moldes das grandes produções no mundo, como Moulin Rouge em Paris, Señor Tango em Buenos Aires, Broadway em Nova York, coisas que já existiram no Rio e infelizmente fecharam pela especulação imobiliária ocorrida na cidade.
Eu também resolvi ir a Gramado para conhecer mais sobre os investimentos realizados por lá e ficou claro para mim que, no Rio, precisamos de equipamentos para os turistas terem atividades durante o dia todo, principalmente à noite, porque ao longo do dia, a cidade é, como dizem, maravilhosa. Mas e à noite? Não tem nada. Convidei o Abel Gomes para um almoço e vendi a ideia do que eu estava imaginando e ele topou. Quis o destino que, em um sábado, com tempo nublado eu vou passear com minha scooter e paro no sinal fechado na Bolivar, em frente ao antigo Cine Roxy. Liguei para o Mauricio Benchimol e consegui reverter um contrato de locação que estava em andamento.
O maior desafio foi a obra de construir um Roxy dentro do outro por conta de todo o isolamento acústico necessário no teto e nas paredes. Uma gigantesca estrutura de 5 andares de vestiário e camarins. O projeto do vídeo que passa no telão é um longa-metragem, a base musical é gravada, funciona em sincronia com a luz mostrando um espetáculo emocionante da cultura brasileira.
Uma casa toda restaurada. Uma cozinha de 500 metros quadrados para finalizar toda a gastronomia brasileira ao mesmo tempo. Um super projeto que melhora a cidade, o bairro e a experiência do turista. O que falta ao Roxy é o carioca deixar o preconceito de lado e parar de achar que a casa é só para turista, o Roxy já é um patrimônio da cidade, o conteúdo é melhor do que qualquer casa de show que visitamos fora do Brasil com uma enorme diversidade musical. Do samba, passando pelo Parintins ao frevo. A casa é a melhor opção no Brasil e uma das melhores do mundo no segmento. Começo a acreditar que, independentemente de ser uma casa de turista, o carioca está começando a se achegar. Quem vai, volta e leva outras pessoas. A experiência é transformadora. Quanto mais os cariocas participarem, mais investidores vão se encorajar, mais empresas e empregos serão criados e mais forte fica a economia.
“Carioca, acabando o carnaval, frequente o Roxy, seja turista da sua cidade, da mesma forma que você é turista fora do Rio, vá se surpreender!”
O Jardim de Alah é um projeto ecologicamente correto, economicamente viável, que vai gerar segurança, melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram na região, será mais uma opção de lazer para turistas e cariocas e um ganho enorme de movimento para o comércio local. Como surgiu este projeto, quais são os detalhes e o que ainda neste momento está causando dificuldades?
O projeto Jardim de Alah é do Miguel Guimarães, do Sérgio Caldas e do João Machado, arquitetos urbanistas cariocas que desenvolveram um projeto de revitalização paisagística daquela área. Eu tive acesso ao projeto, em uma das oportunidades da vida, e propus a eles de ser sócio com a missão de ser a parte empreendedora, que tira do papel. Foi apresentado o projeto para todos os órgãos na prefeitura para ver se fazia sentido, montamos uma MIP (Manifestação de Interesse Privado em área pública) e, a partir daí, foi feita a publicação no Diário Oficial para que toda a sociedade pudesse participar. Ganhamos a concorrência e passamos para consulta pública, quando todas as associações puderam sugerir e participar.
Tudo feito e aprovado, todas as certidões obtidas para que a obra seguisse para transformar a região em algo que todos irão obter resultados, porque em qualquer lugar do mundo, onde se gera movimento de pessoas, melhora a economia e, consequentemente, a segurança, a qualidade de vida e valorização dos imóveis. O projeto de investimento totalmente privado está em R$ 165 milhões, atendendo às 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU. Diversas ações sociais contempladas, uma agenda de lazer e entretenimento – tudo isso gratuito, com geração de 5 mil empregos. Vão ser instalados restaurantes, banheiros, cafés, supermercados e lojas de serviços. Temos apoio de todas as associações: Leblon, Ipanema e Cruzada, que é a comunidade local, todos satisfeitos e ansiosos pelo início e término para esse novo cenário. Infelizmente, um grupo de apenas 22 pessoas com interesses particulares para estacionar o próprio carro em cima do parque, vem espalhando inverdades e transformando todo esse processo em uma briga desnecessária para a transformação da área que fará parte dos 6 maiores projetos urbanísticos do Rio de Janeiro.
“Aqueles que não conhecem o Projeto Jardim de Alah, peço que se informem nos canais oficiais e não entrem em uma balela contada por um grupo de apenas 22 pessoas, que luta por interesse próprio e que vem causando desinformação, atrasando a transformação de uma área degradada e insegura, em uma região que irá gerar empregos, renda, oportunidades sociais, turismo, segurança e sustentabilidade.”