Pode chegar o dia em que o seu melhor amigo, aquele que te acompanha como uma sombra e olha fixamente nos teu olhos, precise de cuidados especiais. É comum que cachorros com idade mais avançada ou que estejam se recuperando de cirurgias sintam dor ou apresentem dificuldade de locomoção. E é aí que entra a reabilitação veterinária, também indicada para cães com limitações decorrentes de condições genéticas, traumáticas e em casos de distúrbios neurológicos.
A relação entre tutores e pets hoje é muito próxima, eles são tratados como membros da família e, portanto, recebem cuidados similares aos humanos quando o assunto é qualidade de vida. A reabilitação tem apresentado resultados significativos proporcionando bem-estar aos pets. Sessões continuadas de tratamento individual agem no alívio da dor e da inflamação, além de recuperar funções específicas do organismo do paciente.
Terapias proporcionam mais qualidade de vida e longevidade aos pets
FISIOTERAPIA
Complemento à medicina veterinária convencional

O tratamento fisioterápico é a recuperação, manutenção e promoção da melhor funcionalidade física de pacientes que apresentam lesões de origem ortopédica ou neurológica. As sessões podem incluir recursos tais como: água, luz, eletricidade, calor, frio, massagem e movimento. O objetivo é o alívio das dores, a recuperação celular dos tecidos lesionados, a ativação da circulação, da mobilidade dos músculos, das articulações, das funções neurológicas, além do aumento da resistência física.
Akira é um bulldog francês brincalhão, que adora correr atrás da bolinha, mas começou a sentir dores na pata ao pisar, assim como passou a ficar mais limitado a fazer outros movimentos, como subir no sofá. Com os exercícios na clínica, ele ganhou mais mobilidade e encara a fisioterapia como uma brincadeira, conta sua tutora Laís Sereno. “É nítida a qualidade de vida que ele ganhou e criou vínculo aqui com as meninas. Já ganhou alta três vezes e aí ele arruma confusão para voltar.”
HIDROTERAPIA

Recuperação com menos impacto
Uma esteira dentro de um tanque de água morna é o local apropriado para esse tipo de terapia. Esse recurso é utilizado em animais que estão se recuperando de cirurgias ou que estão acima do peso e não podem fazer exercício durante o passeio no solo. A água alivia a carga e permite que o paciente se recupere mais rápido, evitando novas lesões. A médica veterinária Ana Luiza Abreu comenta sobre os recursos disponíveis enquanto observa a maltês Gigi caminhar na esteira. “A hidroterapia dessa forma que a gente está fazendo aqui é possível controlar a temperatura da água e subir ou descer a esteira, de acordo com a altura do animal. Eu também controlo a velocidade que eles vão andar aqui dentro. Então, de acordo com o estágio de recuperação, a gente vai progredindo, como se fosse uma carga na academia”, explica.
Centros especializados contam com tapetes subaquáticos, mas também é possível fazer alguns exercícios de hidroterapia em piscinas ou banheiras, sempre com a supervisão de um profissional. Na água, os movimentos são mais completos sem sobrecarregar as articulações.A indicação dessa terapia deve ser avaliada para cada caso, pois tem algumas contraindicações, como para pacientes operados há menos de com 10 dias, com problemas cardiovasculares, respiratórios, com histórico de crises convulsivas, dermatopatias e para animais com drenagens.
A água alivia a carga e permite que o paciente se recupere mais rápido, evitando novas lesões
ACUPUNTURA
Equilíbrio energético e alívio da dor
Uma técnica milenar que também apresenta bons resultados no restabelecimento da saúde dos cães. Algumas clínicas veterinárias oferecem a acupuntura, que consiste em estimular pontos específicos do corpo com agulhas finas. Não causa dor, nem efeitos colaterais, mas alguns animais podem sentir um leve desconforto.

A acupuntura é bastante utilizada na parte ortopédica para auxiliar no tratamento de casos como frouxidão de ligamentos, luxação, displasia de quadril e de cotovelo. Também é recomendada para animais em crise de dor na coluna ou em órgãos. A veterinária acupunturista Luiza Ribeiro conta do progresso obtido no caso da cadelinha Serena. “No caso dela, tem ajudado na inflamação do estômago, intestino e pâncreas. Também é recomendado para animais idosos com artrose nas articulações.”
Algumas clínicas veterinárias oferecem a acupuntura, que consiste em estimular pontos específicos do corpo com agulhas finas
MAGNETOTERAPIA

Reorganização das células
Uma técnica de tratamento complementar, não invasiva, com ação anti-inflamatória e analgésica, ideal para pacientes com dores articulares e musculares. Na magnetoterapia são utilizados imãs e seus campos magnéticos aumentam a interação celular. O aparelho emite ondas com a função de trocar a carga com os tecidos do corpo do animal e ele geralmente fica bem relaxado durante o processo, sentindo apenas uma sensação de leve aquecimento. Todas as substâncias, sejam líquidas, sólidas ou gasosas sofrem influência do campo magnético, o que resultará na reorganização das células, além de equilibrar o ph do organismo durante o processo.
LASERTERAPIA E CINESIOTERAPIA
Tecnologia e exercícios associados
O laser terapêutico é um tratamento indolor com ação anti-inflamatória e analgésica. Já a cinesioterapia utiliza exercícios e circuitos para manter os pets ativos e independentes, principalmente os idosos. “A Shiva, por exemplo, é uma cadelinha que já apresenta alterações cognitivas e neurológicas. Os exercícios são fundamentais para manter sua mobilidade e independência dentro de casa”, conta a veterinária Ana Luiza.
Com avanços constantes na medicina veterinária, terapias como essas estão garantindo que os pets vivam mais e melhor. Se antes uma lesão ou doença limitava a vida de um animal, hoje há soluções que devolvem a alegria e a qualidade de vida aos companheiros de quatro patas. É essencial que os tutores estejam atentos a qualquer mudança no comportamento do seu pet, pois isso pode indicar dor, desconforto ou até mesmo um problema de saúde mais sério. Estudos mostram que até 70% dos cães apresentam algum sinal de dor crônica sem que os donos percebam. Alterações na postura, dificuldades para se movimentar, menor interesse por brincadeiras ou até mudanças sutis no apetite podem ser indicativos de que algo não está bem. O acompanhamento veterinário e a reabilitação adequada são fundamentais para garantir qualidade de vida ao seu pet. Fique atento a qualquer sinal!
É essencial que os tutores estejam atentos a qualquer mudança no comportamento do seu pet, pois isso pode indicar dor, desconforto ou até mesmo um problema de saúde mais sério
TRATAMENTO MULTIDISCIPLINAR

Zoe é uma SRD que foi atropelada e perdeu parcialmente o movimento de sua pata direita. Como forma de dar conforto e controlar a dor que sente, recebeu atendimento de uma equipe multidisciplinar composta por neurologista, fisioterapeuta e acupunturista para que a decisão de tratamento seja em conjunto. Hoje, ela se beneficia dos exercícios diários, acupuntura e medicamentos para controle de dor e ômega 3.
Também é preciso controlar o peso da Zoe, pois como ela usa apenas 3 patas, os quilos a mais poderiam piorar o quadro dela. Apesar das dificuldades e de outras sequelas do atropelamento, Zoe é extremamente alegre e seus tutores proporcionam à ela o máximo de qualidade de vida que podem.
Terapias que se complementam
Quando o médico-veterinário indica a reabilitação ao animal, geralmente a prescrição vem associada a uma terapia farmacológica, ou seja, com o uso de medicamentos. Em casos de dor, a avaliação deve ser criteriosa e o uso associado de terapias e medicamentos proporciona um conforto maior ao paciente, além de acelerar o processo de recuperação.
A Zoetis trouxe para o Brasil uma terapia injetável chamada Librela, que atua em um tipo de dor crônica relacionada à osteoartrite que afeta aproximadamente 40% dos cães de diversas idades – uma doença que não tem cura, afeta as articulações e precisa ser tratada para o resto da vida do animal, como explica a médica-veterinária Alessandra Bentes: “A gente não trata a osteoartrite diretamente, o que fazemos é o controle de dor dessa doença para dar qualidade de vida ao paciente, através do uso de medicamentos, como o Librela, por exemplo, associado às terapias, dieta e suplementos.” Em caso de mudança de comportamento ou dor do seu animalzinho, procure um médico-veterinário.