
Os diferentes tipos de churrasco fazem parte da culinária brasileira, e o fogo de chão é o mais comum entre os gaúchos. No município de Areal, no Estado do Rio de Janeiro, existe um lugar feito especialmente para criar memórias baseadas nessa experiência gastronômica. O Sunset Fogo de Chão nasceu da vontade de compartilhar a simplicidade e a riqueza dessa técnica tradicional em um ambiente que convida à conexão entre gastronomia, natureza e a tradição gaúcha.
Segundo a idealizadora do espaço, Flávia Arari-pe, o Sunset Fogo de Chão surgiu por acaso, a partir de um churrasco de família no alto de um monte durante uma noite de lua cheia. A ideia deu tão certo que os eventos foram se repetindo e se profissionalizando.

Hoje, o local vem atraindo pessoas de várias regiões, não só com a finalidade de desfrutar de uma boa carne, mas também de um ambiente agradável e charmoso, transformando momentos simples em confraternizações inesquecíveis. Para participar do Sunset, a lista de espera é grande e pode levar até dois meses para conseguir uma reserva. Os eventos acontecem sempre no final da tarde e o Celeiro abre suas portas às 16h. Logo que os clientes chegam ao local já se deparam com uma vista panorâmica do vale, iniciando o programa com um belíssimo pôr do sol e encerrando a noite com o jantar e muita música.

“Nós, gaúchos, utilizamos mais o pernil de cordeiro e o leitão, enquanto aqui são mais comuns a picanha e o frango. O tempero se resume exclusivamente ao sal grosso, podendo ser complementado com um suco cítrico, como limão ou laranja, nas carnes de porco, o que dá um toque especial e perfeito.”
Aline Marques (assadora e chef do Celeiro)

Mas, para preparar uma carne no típico fogo de chão gaúcho, a tarefa não é tão simples. Reproduzir essa técnica exige fogo, carne, espeto, sal, um chão apropriado e, claro, muita paciência e dedicação. O tempo de cocção varia de acordo com o corte e a espessura da peça. O processo pode demorar até 12 horas, mas o resultado é memorável. A carne, nesse processo, fica mais suculenta, com um sabor natural realçado, além do toque defumado e da crocância externa que tira o fôlego de qualquer carnívoro.
Fomos desvendar o passo a passo desse preparo com o casal de assadores e chefs do Celeiro, Douglas Hertal e Aline Marques, que admitem que, por trás desse sucesso, há alguns segredinhos importantes a serem levados em conta no preparo.

Douglas faz questão de destacar a importância da montagem do fogo. A mistura do carvão com a madeira de eucalipto vermelho é fundamental para realçar o sabor defumado do churrasco. Além disso, ele afirma que, na hora de assar, a temperatura do fogo e a posição das carnes na churrasqueira também influenciam no bom resultado.
“Começamos o primeiro passo do processo colocando as costelas no espeto e deixando o lado do osso virado para o fogo, assim, a carne fica mais saborosa. Esse tempo de cocção dura cerca de sete horas, e, faltando uma hora para servirmos, a peça é virada no sentido oposto, garantindo que a carne fique suculenta e não resseque”, afirma Douglas. Quanto à temperatura ideal do fogo, ele rapidamente responde: “É fácil! Basta fazer o teste: quando aproximo meu corpo e não me queima, já está bom!”.
Outro fator importante a ser observado é o tipo de carne utilizado. Para Aline, cortes como costela, leitão e pernil de cordeiro são ideais para manter a suculência. Ela também diferencia o churrasco do Sul e o do Rio de Janeiro, afirmando que a distinção vai além do método de assar e inclui os tipos de carne usados.
Além dos espetos e grelhas, a estação de fogo de chão apresenta um varal — um acessório diferenciado que auxilia no cozimento de acompanhamentos como legumes, frutas e linguiças. Os alimentos são pendurados e assam por horas, em um processo lento de defumação. As dicas dos chefs para acompanhar as carnes vão desde batatinhas com alecrim e azeite até maçã e abacaxi assados. Aline ressalta que, durante todo o processo, a fumaça é um elemento importantíssimo, sem a qual o evento não seria um verdadeiro churrasco gaúcho.

As peças de costela são colocadas com a parte dos ossos voltada para o fogo, somente na última hora são viradas do outro lado, garantindo a suculência

Quando o final da noite se aproxima, o evento encerra com chave de ouro: a hora da degustação. Depois de todo o processo, a primeira mordida é um momento único. É ali que as pessoas entendem o porquê de tanta dedicação. A grande estrela do churrasco, a costela assada por oito horas, se desmancha na boca, suculenta por dentro e crocante por fora.
Afinal, é no tempo que está o grande segredo. Essa confraternização em torno do fogo proporciona não só uma deliciosa refeição, mas também transforma, com sua rusticidade, o ambiente em um lugar sofisticado e acolhedor, tornando-se uma atração imperdível para os amantes da gastronomia.