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ROXY DINNER SHOW

ROXY DINNER SHOW:O espetáculo dos bastidores

A Broadway carioca tem nome: Roxy Dinner Show. Essa megaprodução recebeu o título de patrimônio imaterial do estado e a casa é considerada um dos “Melhores Lugares do Mundo”, segundo a revista norte-americana Time. Por trás desse grande espetáculo, há muitos profissionais envolvidos, tanto no corpo artístico quanto na cozinha, e esses bastidores ganham protagonismo nesta matéria.

A repórter Germana Puppin com os atores Rodrigo Naice e Tauã Delmiro, lanterninhas do espetáculo.

O bairro de Copacabana, um dos mais visitados do Brasil, ganha mais um motivo para sustentar sua fama. A esquina da rua Bolívar com a avenida Nossa Senhora de Copacabana volta a ser frequentada por moradores e turistas que se impressionam com a experiência cultural apresentada. Cada detalhe do espaço foi restaurado com respeito à memória afetiva da cidade, mas também com o propósito de dar uma roupagem moderna e sofisticada ao local.

Com poucos meses de funcionamento, o Roxy Dinner Show já recebeu um título importante: a Assembleia Legislativa do Rio aprovou a concessão de patrimônio imaterial do estado – um reconhecimento que marca sua importância cultural.

O espetáculo Aquele Abraço celebra a diversidade e a alegria do Brasil em uma megaprodução voltada para toda a família. Acompanhados pela Banda Roxy, dezenas de cantores, atores, bailarinos e músicos apresentam um show que viaja pelos ritmos e expressões culturais do Brasil – do samba ao funk, do frevo à bossa nova –, passando pela poesia, pela street art e pelos costumes de diferentes regiões. É um verdadeiro mosaico da cultura brasileira, destinado a encantar tanto turistas nacionais e internacionais quanto os próprios cariocas. A produção – idealizada pelo empresário Alexandre Accioly e realizada pelo diretor-geral Abel Gomes – traz 350 fantasias exclusivas e um elenco de 60 artistas em cena.

Mais do que um show, é uma verdadeira celebração da brasilidade. Mas o encanto não está só no que é apresentado aos olhos do público – o que está por trás de todo esse sucesso também fascina. Os bastidores desse lugar encantador são ainda mais impressionantes.

As curiosidades já começam pela cozinha. A orquestra gastronômica é comandada pelo chef Caio Silva. Sua equipe de 30 profissionais opera ininterruptamente das 8h às 5h da manhã seguinte. Para ele, o momento mais tenso da operação é na hora do serviço: cerca de 1.500 pedidos são empratados em apenas 1h30. E não podem atrasar, caso contrário o show também atrasa.

A assinatura do menu é do renomado Danilo Parah, mas é Caio quem assegura que cada prato seja uma extensão do espetáculo: “O nosso menu tem uma variedade de pratos, com três entradas, seis principais e três sobremesas, além do menu vegano. Hoje, os pratos que mais saem são o nosso crudo de atum, que vai com uma coalhada seca de queijo de cabra e um óleo de coentro; e, de prato principal, o nosso filé mignon com molho de jabuticaba, mil-folhas de aipim e caviar de aroeira. Já a sobremesa fica por conta de um suspiro com creme de coco, geleia de abacaxi e um toque final de erva-mate”, afirma o chef. Assim, acredita que consegue trazer um pouquinho de cada lugar do Brasil para os ingredientes dos pratos.

O prato mais pedido da casa: filé mignon com molho de jabuticaba, mil-folhas de aipim e caviar de aroeira.
Camarões grelhados servidos com arroz de moqueca.

Saindo dali, as atenções se voltam totalmente ao palco. Afinal, por trás de todo esse encanto, uma equipe criativa pensou em cada detalhe do show: ensaios de coreografias, montagem de cenário, audições e bastidores.

Para começar esse passeio pelo backstage, a diretora residente do espetáculo Aquele Abraço, Larissa Landin, nos contou algumas curiosidades interessantes sobre o processo de preparação do elenco. Segundo ela, foi feita uma peneira por meio de uma audição presencial, na qual os cantores tiveram que se apresentar tanto individualmente quanto em coro.

 

 

 

O corpo de baile precisou realizar testes de funk e samba contemporâneo, já que o espetáculo exige uma diversidade de ritmos e, portanto, artistas versáteis. Mais de 500 candidatos se inscreveram, mas apenas 60 fazem parte do elenco. Os ensaios gerais têm acontecido semanalmente, para que eventuais mudanças possam ser feitas em caso de substituição de algum ator.

Outra questão bastante interessante é a diversidade estética dos bailarinos. Larissa afirma que a ideia era romper com o estereótipo da bailarina clássica europeia, pois esse padrão não representa a realidade corporal brasileira.
Já por trás das cortinas, Larissa nos conduziu por um passeio mágico, revelando aspectos curiosos dessa megaprodução, começando pelos 350 figurinos exclusivos, que ficam organizados por nome de cada ator. Misturados a isso estão centenas de sapatos, perucas e adereços usados durante o show, representando diversas regiões do Brasil.

“As nossas pessoas no Brasil não são dessa forma. Então, a gente quis trazer para o espetáculo essa riqueza de corpos e diversidade. São todos muito profissionais, são pessoas qualificadas, e a gente priorizou esse talento, e não o estereótipo que a gente já está acostumado a ver nos outros lugares”.

Larissa Landin, diretora de elenco

E a tecnologia também dá um show. O Roxy conta com um painel de LED com mais de 210 m2 – um dos maiores do país – e uma estrutura cênica impressionante, repleta de efeitos visuais. O coordenador técnico Ian Dantas explica como funciona toda essa engenharia: “Aqui temos esse telão no qual passamos vídeos durante todo o show, que é interativo com o elenco. Existem gavetas que se deslocam do painel, alguns efeitos especiais e uma lua que mede 8 metros de altura, de onde uma bailarina desce. Além disso, há elevadores no palco. Tudo é comandado no backstage pela nossa equipe de palco, em conjunto com o controle de luz e sonorização do espetáculo”.
Um ponto também interessante a ser destacado é a construção, atrás do palco, de um prédio de cinco andares para atender à produção. A área é restrita. É lá que se concentram os camarins, a sala de massagem para os atores, a área de convivência… Tudo pensado para oferecer suporte completo ao staff.

A tradicional escadaria do antigo cinema Roxy. O estilo art déco foi preservado para manter a imponência da época de ouro do local.

E como foi feito o processo de criação dessa história? Para o roteirista Leonardo Bruno, a ideia do espetáculo era fazer uma viagem pela cultura, transportando o público para todas as regiões do Brasil por meio do canto, da dança, da culinária e dos costumes do nosso povo.

Leonardo completa dizendo que a música é o elemento que mais leva o público a viajar por esses caminhos, percorrendo as regiões e trazendo o que há de mais pulsante e impactante. A diversidade musical percorre as cinco regiões do país: começa no Norte (com o Festival de Parintins e uma viagem imersiva pela Floresta Amazônica), passa pelo Nordeste (com o axé da Bahia, o frevo e o sertão), chega ao Sul (com a dança chula e seu sapateado), passa pelo Centro-Oeste (com o sertanejo do interior) e finaliza no Sudeste (São Paulo com o rock e Rio de Janeiro com funk e samba).

 

“O ponto de partida para esse roteiro é a reinauguração do Roxy. Temos esse lugar como um antigo cinema quase centenário, ícone do Rio de Janeiro, fundado em 1938 e agora restaurado, com a classe e a imponência que ele sempre teve”.

Leonardo Bruno, roteirista

Ele ainda reforça: “Abrimos o espetáculo com os lanterninhas. Eles vão guiando o público nessa viagem, sempre incentivando a participação. São personagens carismáticos que remetem à memória afetiva dos cinemas antigos, em que sempre havia um lanterninha para mostrar onde sentar. Agora, eles mostram o caminho dessa viagem pelo Brasil”.

No palco, Rodrigo Naice e Tauã Delmiro dão vida a esses personagens e oferecem uma performance envolvente e repleta de humor durante o espetáculo . Com um trabalho que mistura teatro, improvisação e uma forte conexão com o público, ambos os artistas tornam a experiência ainda mais única e inesquecível.

A dupla, que já trabalha junta há 15 anos, tem uma afinidade e sinergia que se refletem no palco. No Roxy Dinner Show, Rodrigo explora seu talento clown, trazendo um personagem cômico que garante boas risadas, destacando-se pela habilidade de improvisar e criar uma conexão espontânea com a plateia. Já Tauã, carioca e referência emergente do teatro nacional, foi destacado em 2021 na lista “Forbes Under 30” como um dos jovens mais influentes no campo das artes dramáticas. Para ele, participar da reabertura desse espaço é extremamente significativo. O artista usa essa plataforma para criar uma experiência acolhedora e divertida com o público.

Depois de viajar por esse universo, a conclusão é uma só: o Roxy não é apenas um show, é memória e arte. É um reencontro com o que o Rio tem de mais belo: a capacidade de se reinventar.
O espetáculo Aquele Abraço emociona, toca a memória do público e mostra um Brasil em sua diversidade – sem caricaturas e com verdade. Cada cena tem um propósito; cada passagem foi pensada para fluir como uma viagem sensorial. Um orgulho ser carioca. O Roxy voltou e está mais vivo do que nunca.

Germana Puppin é jornalista, com experiência consolidada na área de telejornalismo. Apaixonada por gastronomia, artes e viagem. Veja mais sobre o Roxy aqui!